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terça-feira, 24 de agosto de 2010

É preciso valorizar mais o funcionalismo de SP

Recuperar o funcionalismo é uma das metas de Aloizio Mercadante. Durante reunião do Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), na capital paulista, o candidato ao governo estadual pelo PT criticou a ausência de inciativa do atual governo para negociar com os servidores do Judiciário de SP, em greve há mais de cem dias.
“É indispensável que haja um diálogo nessa greve do Judiciário. Isso traz prejuízo não apenas econômico ao Estado, mas para a vida das pessoas, de direitos que estão sendo prejudicados”, afirmou Mercadante nesta segunda (24/08).  Mercadante lembrou que 56 mil servidores do Judiciário Paulista estão há dois anos sem reajuste salarial. “É preciso valorizar mais o funcionalismo de São Paulo. A polícia tem um dos piores salários do Brasil, os professores e a Justiça também, todos vivem uma situação de descaso. Nós temos de recuperar o funcionalismo para ter bons serviços públicos, completou o senador.
A valorização também passa por dinheiro. E dinheiro passa por mais investimentos. Mercadante está atento a tudo isso e se dispôs a ajudar na busca por investimentos para, inclusive, acelerar o processo de digitalização dos acervos do Judiciário.
Segurança pública
O senador do PT destacou algumas leis, que ajudou a formular, como a do Monitoramento Eletrônico de Presos e da Videoconferência. Tudo isso ainda durante o evento na OAB-SP, que marcou o início da campanha “Sem a Justiça Nada Funciona”. Mercadante mostrou suas propostas de Segurança Público para 120 advogados e conselheiros da OAB do estado.
Os presídios merecem atenção de Mercadante: “Temos 59 mil presos além da capacidade de São Paulo, 8 mil presos em delegacias. E uma situação em que nenhuma prefeitura do interior quer ouvir falar em presídio. Pois os presídios levaram parte do crime organizado, violência e drogas para o interior”. Nenhuma reestruturação da Segurança Pública pode acontecer sem que se leve em conta a necessidade de melhorar os salários da polícia Civil, e da Militar, além de investir na inteligência policial e no policiamento ostensivo. Mercadante propôs, também, colocar o sistema de rádiopatrulha nos bairros.

Trabalhadores com deficiência acusam Metrô de SP de discriminação

Rede Brasil Atual

Operadores de trem demitidos criticam Metrô de SP por "brincar com a vida" de trabalhadores com deficiência

Rubens Ascencio e Rogério Murari passaram no concurso da Companhia do Metropolitano (Metrô) de São Paulo para operadores de trem, em vagas destinadas a pessoas com deficiência. Também foram aprovados em exames médicos e laboratoriais, até que chegaram ao treinamento que permitiria a realização do sonho, especialmente de Rubens, de trabalhar no Metrô de São Paulo. Foram 90 dias de preparação e mais 20 de espera até a notícia da demissão.

Estranhamente, os trabalhadores foram demitidos pelo Metrô pelo mesmo motivo pelo qual foram contratados: por serem portadores de deficiência. "Fico revoltado porque questionei o médico e ouvi dele 'essa vaga aqui é exclusiva para deficiente'", protesta Rubens, em entrevista à Rede Brasil Atual. A admissão ocorreu em 18 de janeiro, e a dispensa, em 24 de junho.

"Como abrem vaga para deficiente e nos demitem por sermos deficientes?", indigna-se. Quando foram demitidos, Rubens e Rogério ouviram do Metrô que não atendiam a necessidade de rapidez para a função.

Parte da decepção dos trabalhadores se deve ao fato de terem deixado empregos estáveis para atuar no Metrô. "A funcionária do RH (departamento de recursos humanos) me disse 'está tudo certo, o senhor já pode pedir demissão'", lembra Rubens, que era funcionário de uma indústria em São Bernardo do Campo (SP).

"O médico deveria nos avisar se éramos compatíveis ou não com a função", critica Rogério. "Isso é muito incoerente", condena o trabalhador. Na visão deles, a área médica ou o próprio setor de recursos humanos da empresa deveriam ter avaliado previamente se o trabalho de operador é compatível com a deficiência dos trabalhadores.

Sem acessibilidade

Os dois trabalhadores, portadores de sequelas de poliomielite, consideram que o grave erro do Metrô de São Paulo é não oferecer condições de receber trabalhadores com certos tipos de deficiência. Durante o treinamento, eles tiveram de subir e descer escadas, andar por longos trajetos e participar de todas as atividades de formação "em pé de igualdade" com os outros operadores de trem. Para eles, foi o início da discriminação. "O treinamento foi puxado, porque fizeram tudo para pessoa que não tinha deficiência nenhuma", condena Rubens, que usa aparelho ortopédico na perna e caminha com bengala de apoio.

Além do constrangimento de não serem esperados pelos instrutores para começar as aulas, porque demoravam mais que os colegas durante os trajetos internos da empresa, os trabalhadores demitidos ouviam comentárias preconceituosos, como "o que o usuário vai falar ao ver operadores assim. Vão ficar com medo de entrar no trem", conta Rubens.

"Era um constrangimento ficarmos para trás. Não havia condições à altura da situação", avalia Rogério. "Sofremos pressão, e o processo de decisão (pela demissão) foi obscuro", lembra o trabalhador. "Não tivemos chance de dialogar. Nos chamaram e nos demitiram", completa Rubens.

Na avaliação de Rubens, operar trens não seria problema para eles. A linha azul, que liga as estações Jabaquara e Tucuruvi, tem trens totalmente computadorizados, em que os operadores permanecem para garantir providências em caso de pane. Os carros alinham-se à plataforma e abrem e fecham portas automaticamente.

O mais difícil, segundo ele, é ter acesso ao pátio de manobras, uma espécie de estacionamento de trens que fica em meio de túneis, entre estações, utilizado quando os trens têm problemas e onde é necessário passar por passarelas bem estreitas. "O operador que não tem deficiência já tem dificuldade, para o que tem a dificuldade é maior. Mas durante o treinamento, eu fui", comenta Rubens. "Eu consegui atuar como operador do meu jeito", avalia.

Processo

Os trabalhadores decidiram mover um processo contra o Metrô solicitando a reintegração ao quadro funcional, além de indenização por danos morais sofridos durante o treinamento e pela perda do emprego. "Brincaram com nossas vidas, fomos expostos a situações vexatórias e depois dispensados", acusa Rubens, que após a demissão ficou várias semanas sem dormir.

"Eu só chorava e não dormia", relata. "Psicologicamente, você não faz ideia do que eu passo. É muito constrangedor aos 47 anos, com família para cuidar, passar por essa reviravolta e terminar desempregado", resume Rubens.

De acordo com Flávio Godói, diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, o Metrô comete um grande erro ao abrir concurso para trabalhadores com deficiência sem estipular o tipo de deficiência que se aceita ou não. Ele afirma que o sindicato tentou negociar a realocação dos trabalhadores para outra função, para evitar as demissões, mas a empresa não aceitou.

"Entendemos que o Metrô poderia aproveitar a pessoa que passou no concurso em outras áreas, de forma muito tranquila para todas as partes, até porque é muito difícil passar no concurso do Metrô. Então, estamos falando de pessoas bem preparadas", relata o sindicalista.

Segundo Almir de Castro, diretor dos Metroviários que acompanhou o treinamento dos operadores de trem, "o Metrô teve oportunidade de dizer para eles que não seriam operadores, mas deixou o barco correr até chegar a esta situação difícil". "A situação deles realmente foi constrangedora", interpreta o diretor.

fonte: Rede Brasil Atual - 23/8/2010 - reportagem de Suzana Vier

"Não tenho menor interesse nessa pesquisa", diz Serra

Em encontro com empresários do setor farmacêutico, Serra não deu crédito à pesquisa Sensus que aponta Dilma Roussef do PT, 17,9 pontos à frente do tucano

Por: jecasouza
Publicado em 24/08/2010
São Paulo - O candidato à presidência da República, José Serra, afirmou na manhã desta terça-feira (24), durante encontro com fabricantes de medicamentos genéricos, que desconhece a pesquisa do instituto Sensus que aponta a candidata do PT, Dilma Roussef, 17,9 pontos percentuais à frente na corrida eleitoral.  "Não recebi e não tenho menor interesse na pesquisa", disparou Serra.
O levantamento aponta uma diferença coincidente em relação a pesquisa Datafolha publicada no domingo (22). No encontro realizado na capital paulista, Serra prometeu aos empresários do setor farmacêutico que vai reduzir a carga tributária dos genéricos.
À tarde, o candidato andou de Metrô em São Paulo e causou confusão entre os usuários, em função do número de jornalistas e de pessoas na comitiva que o seguia. O tucano embarcou na estação Ana Rosa e viajou até a Vila Prudente, onde visitou a estação inaugurada na segunda-feira (23). Serra também caminhou pela Vila Prudente e encerrou a atividade, com novas afirmações sobre a importância dos genéricos.
"Há muita burocracia na liberação dos novos genéricos pela Anvisa. Hoje tem o equivalente a 2 bilhões de reais em medicamentos para serem aprovados pela agência.", apontou Serra. O candidato ainda prometeu que irá retirar os impostos dos medicamentos para barateá-los.

Alckmin para trás

Durante a viagem, os jornalistas registraram descuido de Serra com o colega tucano, candidato ao governo do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin. Um assessor da campanha avisou que Geraldo ainda estava longe da comitiva, Serra quis saber "quê Geraldo?" "O Alckmin", respondeu o assessor. Serra desdenhou e continuou descendo as escadas em direção ao vagão do metrô.

Progressão continuada alastra analfabetismo funcional em SP, afirmam professores



O avanço sucessivo e sem interrupções dos alunos da rede pública no estado de São Paulo preocupa docentes. Jovens chegam ao Ensino Médio e à universidade com dificuldades para ler e escrever
Publicado em 24/08/2010
Progressão continuada alastra analfabetismo funcional em SP, afirmam professores
Progressão continuada - política educacional responsável pela aprovação automática dos alunos - é o principal problema educacional do estado de São Paulo, segundo professores ouvidos pela Rede Brasil Atual (Foto: Sxc.hu)
São Paulo - Na sala de reuniões de uma escola da rede pública estadual de São Paulo, a professora de Língua PortuguesaPaula* comemora a evolução de um aluno da sexta série do ensino fundamental. "Ele escreveu o nome na capa do trabalho", mostra a docente a três colegas e à reportagem da Rede Brasil Atual. Ele começou a ler e escrever apenas neste ano. Até o início de 2010, o garoto de 12 anos sequer abria o caderno, afirma Cristina*, responsável pela disciplina de Biologia. A professora conta que não é difícil detectar os alunos considerados "analfabetos funcionais". "Ou ele avisa ou, na primeira leitura, eu vou perceber", indica a docente.
O principal motivo para esse tipo de deficiência de aprendizado está, na visão dos docentes ouvidos pela reportagem, no sistema de progressão continuada, em que o aluno precisa apenas se fazer presente em sala de aula para ser aprovado automaticamente. No máximo, os alunos podem ser retidos na quarta série, por um ano, depois eles vão seguir, mesmo sem o conhecimento necessário. Os entrevistados ainda apontam problemas de infraestrutura, de salário e distanciamento das famílias.
"É comum 30% dos alunos da sexta série não saberem ler e escrever", detecta Paula*, professora de Língua Portuguesa há 21 anos no magistério. A aprovação ano após ano, sem avaliação do conteúdo dominado pelo aluno permite que muitos estudantes terminem o ensino médio sem terem o conhecimento mínimo necessário, alerta Tomé Ferraz, professor de física e matemática das redes municipal e estadual de São Paulo.
"É a aprovação a qualquer custo", identifica. "Em São Paulo, a educação são dados estatísticos, é porcentagem para lá, porcentagem para cá, mas não se analisa como o aluno está terminando o ensino médio. Depois ele vai ser só mais um diploma", analisa o professor.
Paula conta que utiliza, nos primeiros dias de aula nas sextas séries em que leciona, ditado e produção de textos como ferramentas. A percepção do problema não demora. "Geralmente tem criança que entrega em branco, não sabe fazer nada do ditado", aponta. "Se eles vão escrever, por exemplo, 'bala', eles colocam qualquer letra", descreve.
Apesar de lecionar Biologia, Cristina faz um esforço pessoal para trabalhar a alfabetização com os alunos cuja atuação esteja comprometida. "Se eu alfabetizei meu filho de quatro anos, eu vou conseguir com um garoto de 12", afirma. Ela cita que os alunos têm enorme dificuldade com sílabas complexas como "tra" e "pla". "Eles conhecem formações silábicas básicas somente", acentua.
Na hora de avaliar alunos de sexta série, sem condições de ler e escrever com fluência, Cristina utiliza métodos diferenciados do restante da classe. "Faço avaliação com prova oral e análise comportamental, afinal se ele não compreende o teor da prova não consegue responder. Uma avaliação escrita envolve habilidade de leitura e escrita", explica.
Analfabetismo funcional

  • Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura (Unesco), analfabeto funcional é a pessoa que sabe escrever seu próprio nome, assim como ler e escrever frases simples, efetua cálculos básicos, mas é incapaz de interpretar o que lê e de usar a leitura e a escrita em atividades cotidianas, dificultando seu desenvolvimento pessoal e profissional. Ou seja, o analfabeto funcional não consegue extrair o sentido das palavras, colocar ideias no papel por meio da escrita, nem fazer operações matemáticas mais elaboradas.
Sem compreender bem o conteúdo das disciplinas, o aluno de Cristina e Paula, que iniciou o ano sem estar alfabetizado, também se mostra desmotivado. Em uma única aula de biologia de 50 minutos, Cristina pediu atenção ao garoto pelo menos cinco vezes.

Sem coerência

Rosana Almeida, professora de sociologia da rede pública estadual, enfrenta problema semelhante com alunos do 1º ano do Ensino Médio. "Eles conseguem construir a palavra, mas não a frase", diz. "Nós professores temos de aceitar que se a ideia dele foi certa, ele vai ser aprovado", critica. "O jovem entendeu o que você explicou, mas não sabe escrever".
O motivo para haver uma parcela significativa de alunos que chegam ao ensino médio sem estar devidamente alfabetizados  envolve, de um lado, alunos com problemas de deficiência intelectual e, de outro, o "abandono" do sistema educacional, na visão da professora. "Você tem uma sala superlotada, a professora trabalha com quem sabe ler e escrever e quem não sabe vai ficando para trás", expõe Paula.
Entre os principais problemas dos alunos que chegam ao ensino médio, Rosana cita que "não existe mais gramática, nem conjugação de verbo". Quando a professora pede para os alunos produzirem um texto, surge resistência. "Chega na quinta (série) não sabe escrever e não consegue acompanhar, passa para a sexta, sétima e oitava. Na oitava, tem um índice de indisciplina altíssimo porque ele, de novo, não consegue acompanhar", sustenta.
Paula confirma que os alunos que têm essa dificuldade acabam fazendo mais bagunça. "São os mais indisciplinados. Por não saberem nem ler, nem escrever eles não entendem nada, não participam da aula; o que resta é ficar bagunçando", desabafa. "No ensino médio, os estudantes produzem jogos de palavras sem sentido, sem coerência e coesão. Isso tem bastante, até na universidade", completa.
Estudante Ensino Médio
Estudantes chegam ao Ensino Médio com dificuldade de expressar ideias (Foto: Sxc.hu/Sanja Gjenero)
O motivo para haver uma parcela significativa de alunos que chegam ao ensino médio sem estar devidamente alfabetizados envolve, de um lado, alunos com problemas de deficiência intelectual e, de outro, o "abandono" do sistema educacional, na visão da professora. "Você tem uma sala superlotada, a professora trabalha com quem sabe ler e escrever e quem não sabe vai ficando para trás", expõe Paula.
Em matemática o problema se repete, jovens  dominam as contas básicas, mas não sabem porcentagem, por exemplo. "Elas têm a capacidade de raciocínio lógico, mas fazer a conta para chegar ao resultado, as crianças não sabem", pontua Rosana.

Problema adiado

De 30 alunos da rede municipal da capital paulista, Tomé calcula que só dois teriam condição de estar no Ensino Médio, levando em conta o conhecimento em matemática. "Em física então, os professores vão ter muito problema, no ensino médio", relata. Para o docente os alunos da rede pública de São Paulo que se formarem serão "alguns no turbilhão".
Progressão continuada ou aprovação automática?

  • A progressão continuada, adotada a partir de 1998 em São Paulo, é um procedimento utilizado pela escola que permite ao aluno avanços sucessivos e sem interrupções, nas séries, ciclos ou fases, de acordo com a Agência EducaBrasil. 
  • Para especialistas, é uma metodologia pedagógica avançada por propor uma avaliação constante, contínua e cumulativa, além de basear-se na ideia de que reprovar o aluno sucessivamente não contribui para melhorar seu aprendizado.
  • Sua aplicação, porém, transformou-se em sinônimo de "aprovação automática" dos alunos, segundo muitos professores e analistas.
  • Essa ideia leva em conta que a progressão foi adotada, no Brasil, sem se mudar as condições estruturais, pedagógicas, salariais e de formação dos professores. 
Eduardo*, professor universitário, mestrando e pesquisador da geração Y – jovens nascidos a partir de 1980 –, analisa que os estudantes são vítimas de um círculo vicioso fatal para a vida profissional futura. A dificuldade inicial em ler e escrever, transforma-se em dificuldade de compreensão, de reunir informações e de se expressar diante do mundo, conceitua.
"Se o aluno não compreende frases inteiras, como ele vai resolver questões de matemática?" questiona. "Eles até sabem que 3 x 5 é 15, mas se você colocar na prova quanto é o triplo de 5 mais o dobro de 20, ele não vai saber", exemplifica. "Se questões básicas não estão resolvidas, a estrutura fica afetada e o conhecimento que vem depois não se concretiza", alerta Eduardo.
* Os nomes de alguns professores foram trocados a pedido dos entrevistados

Serra inaugurou uma praça de pedágio a cada 15 dias

O modelo de concessão das rodovias estaduais adotado pelos governos tucanos em São Paulo prevê que parte do valor arrecadado com o pedágio vá para os cofres do governo, e não só para a manutenção da rodovia.

Ou seja, nesse modelo, chamado de concessão onerosa, o governo cobra da empresa um valor pela exploração da rodovia. Vence a licitação quem apresentar maior valor de outorga - um pagamento anual de alguns milhões de reais ao governo.

Neste caso, os usuários da rodovia concedida pagam não só para a manutenção, prestação de serviços e ampliação de capacidade, como para o governo estadual "fazer caixa". Somente o governo de José Serra arrecadou R$ 5,498 bilhões em outorgas onerosas.

Esse modelo tem sido responsável pelas altas tarifas de pedágio no Estado e explica o interesse do governo em aumentar cada vez mais o número de praças.

Em todo o Estado, existem 237 praças de arrecadação da tarifa – 492% a mais do que em 1997, quando o programa de concessão das rodovias foi iniciado. Naquele ano, existiam 40 praças de pedágio em São Paulo. Assim, pode-se dizer que uma nova praça de pedágio é instalada a cada 40 dias no Estado.

Só no governo Serra, foram acrescidas 94 praças sob gestão privada, o equivalente a uma a cada 15 dias. Hoje, São Paulo concentra mais da metade dos pedágios de todo o Brasil.

Os contratos entre o governo paulista e as empresas estabelecem de 20 a 30 anos de concessão, e podem ainda ser prorrogados. É certo que nos Estados Unidos as concessões podem durar 90 anos, mas o modelo é diferente, já que a empresa é responsável pela construção da rodovia.

Não é o caso paulista, em que as concessionárias já pegam a rodovia construída. Isso significa que esse modelo inadequado prejudica a população por um longo tempo.

Se houvesse uma nova licitação, a competição entre as empresas faria com a tarifa fosse menor para o usuário. Contratos muito longos só beneficiam a concessionária.

O mito das melhores estradas

O dinheiro que o governo do Estado recebe das concessionárias deveria servir para a manutenção das rodovias não pedagiadas. Mas, de acordo com auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) em estradas que passaram por obras entre fevereiro de 2008 e julho de 2009, cerca de 70% das vias vistoriadas (todas paulistas e gerenciadas pelo poder público) apresentaram ao menos um tipo de defeito após um ano da conclusão definitiva da reforma.

Os problemas vão de afundamentos e trincas no pavimento a remendos e buracos.

O programa de recuperação das vicinais é feito para que elas durem dez anos. O TCE avaliou que há problemas desde o planejamento das obras até a má qualidade dos materiais utilizados. Inclusive, foram detectadas irregularidades nas licitações para a realização das obras.

Foram investidos, no total, R$ 2, 36 bilhões em estradas vicinais de 2007 a 2010, sendo que R$ 348 milhões são de empréstimos internacionais, R$ 903 milhões de recursos de concessão de rodovias e mais de R$ 1,1 bilhão de recursos do tesouro.

Ou seja, "as melhores estradas do país" propagandeadas pelos tucanos cobram altas tarifas de pedágio, enquanto as não pedagiadas estão abandonadas por conta da má gestão.

Modelo federal

No modelo de concessão do governo federal, vence a licitação quem apresentar o menor valor de tarifa básica a ser cobrada (automóveis), desde que abaixo do valor-teto do edital. Neste caso, todo o dinheiro arrecadado no pedágio vai para obras e serviços naquela rodovia. Como não tem outorga onerosa, a concessionária não tem que pagar nada ao governo. Logo, não há repasse ao usuário e a tarifa de pedágio é menor.

Por isso, hoje é mais caro viajar de carro entre as cidades paulistas do que para outros Estados brasileiros. Para ir de carro de São Paulo a Belo Horizonte, o motorista paga R$ 7,70 e percorre 632 quilômetros. Da capital paulista a São José do Rio Preto, o usuário paga R$ 59,15 e anda 443 quilômetros. 

Sem material, professor 'faz milagre' para lecionar em São Paulo

Rede Brasil Atual

Docentes da rede pública estadual dizem que falta até lápis para atividades. Salários baixos e sem reajustes para a maioria também são criticados

Depois da progressão continuada, a falta de infraestrutura e salários são os principais problemas apontados pelos professores da rede pública estadual de São Paulo, ouvidos pela Rede Brasil Atual. Os materiais fornecidos pelo governo do estado para os alunos são insuficientes, o que obriga os docentes a reunir, reutilizar, reaproveitar materiais para atender os estudantes.

"Professor faz milagre, um lápis viram dois, as coisas se multiplicam", anuncia Cristina*, professora de biologia da rede pública estadual. "Eu vivo juntando borracha, caneta e lápis onde eu vejo sobrando para levar para a escola e emprestar aos alunos", descreve.

Das diversas atividades realizadas na escola, Paula, professora de Língua Portuguesa, calcula que apenas 40% da infraestrutura e materiais necessários são oferecidos. "Os outros 60% são criação e esforço pessoal do professor pelo ensino", calcula. "O governo pode investir na escola, mas não investe no professor. O governo não prepara o professor para esse mundo moderno", dispara.

Jorge, professor de física e matemática, das redes estadual e municipal de São Paulo, acredita que o governo estadual sobrecarrega e culpa os professores pela situação da educação no estado. "Ele (governo) joga a culpa das mazelas da educação sobre o professor", opina.

Ele preparou alunos da rede pública para a Olimpíada Brasileira de Física, deu aulas a mais, levou os jovens com seus próprios recursos para a competição e até no dia da premiação, na Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, e precisou arcar com os gastos. Na volta das atividades, teve o ponto cortado e os dias descontados. "A gente tem de fazer milagre", reclama.

Se faltam lápis e borracha no dia a dia dos alunos, para a disciplina ministrada por Jorge a situação é um pouco pior. "Não temos material. Como eu vou dar aula de calorimetria sem um calorímetro, sem substâncias químicas?", lamenta. Ele mesmo responde: "Fico frustrado porque vejo uma geração sendo perdida, mas no que depender de mim, vou comer giz até onde aguentar, porque o aluno não tem culpa", analisa.

Jorge contraiu uma doença no cotovelo pelo uso contínuo da lousa. "Temos lousas imprestáveis. Perdi a força para dobrar os dedos", argumenta. Como tratamento, o físico teve de fazer fisioterapia e, agora, apaga a lousa com a mão direita, na tentativa de minimizar os problemas na esquerda.

Os colegas, aponta o docente, sofrem com problemas nas cordas vocais, por passarem o dia todo em sala de aula "gritando". "Eu sou resistente, mas o estresse e a frustração leva muitos colegas a adoecerem", diz.

Salário de barbeiro

Depois de 28 anos de magistério e com mestrado em Física Quântica, ele ganha R$ 500 na rede pública estadual. Somado à escola municipal, alcança remuneração de R$ 2.200, por 40 horas semanais. Jorge avalia que os professores têm a pior remuneração entre as carreiras de nível superior. "O que recebemos não é salário para um professor do maior estado da federação. Morando na capital, não dá para sobreviver", garante.

Ele compara o salário de um professor ao de seu próprio cabeleireiro. "No estado, a hora-aula é de R$ 7,58, já meu barbeiro, que cobra baratinho, ganha R$ 8, por um corte de cabelo de 15 minutos", exemplifica. Em função dos baixos salários, Jorge lembra que os professores de sua área estão em extinção. "Com poucas faculdades oferecendo o curso de Física e a dificuldade em chegar até o fim, é muito mais rentável ser funcionário da iniciativa privada", afirma.

Em 2009, ele chegou a ministrar mais de 300 horas de aulas por semana, com aulas de segunda a sexta nas redes públicas estadual e municipal e aulas particulares no final de semana, na casa de alunos, para um salário de R$ 3 mil. Neste ano, decidiu reduzir a carga para dar mais atenção ao filho adolescente. O jovem agradece, mas os problemas financeiros aumentaram. "Estou em uma situação de aperto financeiro, não consigo pagar todas as contas", reforça.

A falta de investimento na qualificação dos professores é outro problema, revela Jorge. "Tenho mestrado, fiz cursos na PUC e na USP, mas para o estado eu sou incompetente", critica por não evoluir na carreira há oito anos. A obtenção do mestrado também não foi computada para efeito salarial.

Desvalorização

Em Pernambuco, Jorge recebeu medalha de ouro e a comenda do mérito educacional "Professor Paulo Freire", pelo conselho estadual de educação do estado, por um projeto de incentivo aos alunos de cursos de licenciatura. "O estado de São Paulo não valoriza a formação do professor e também não oferece oportunidade para isso", condena. "Em oito anos, nenhum curso na área de física foi oferecido", cita. "Quando a secretaria estadual de educação oferece qualificação tem de ser fora do horário de aula, mas o professor com carga extrema de aula, como fica, então?", suscita.

Para Paula, o salário "é uma vergonha". "Você pega um professor de 20 anos no magistério que ganha R$ 1.500. E tem alunos que ganham isso em trabalhos elementares", revolta-se. "Estamos há dez anos sem aumento", protesta.

Há dois anos, o governo do estado criou, em lei aprovada na Assembleia Legislativa, um mecanismo que permite evitar reajustes. A Secretaria de Educação promove uma política de aumentos conforme o desempenho em provas de avaliação do professor e o de seus alunos. Apenas 20% dos profissionais são contemplados com correção salarial, enquanto s demais mantém os mesmos rendimentos.

Com remuneração deficitária e sem condições materiais de trabalho, os professores indicam que o desânimo como quase inevitável. "Tem professor que ministra aulas no estado, na prefeitura e na rede particular. Aí ele trabalha demais e não tem como preparar uma boa aula mesmo", sentencia Paula.

Maria, professora de sociologia da rede pública estadual, defende a tese de que "desacreditar o professor é uma forma de não questionar a incapacidade de gerir a educação" e uma forma de terceirizar uma área que deveria ser essencial.

A docente passou em todas provas estabelecidas pelo governo estadual e em concurso público, mas até hoje não conseguiu ser efetivada. "É revoltante, você é testada, questionada e, depois ter provar sua capacidade todas as vezes", afirma, decepcionada com os rumos da educação.

*Os nomes dos entrevistados foi alterado a pedido dos professores

fonte: Rede Brasil Atual - 24/8/2010

Caminhão deixa R$ 9 mil por mês nos pedágios de SP

Toda a população é atingida pelos altos preços dos pedágios em São Paulo. As tarifas estão embutidas nos preços das mercadorias transportadas pelas rodovias pedagiadas e também nas passagens de ônibus.

No caso do transporte de mercadorias, a cobrança do pedágio deveria significar a redução do custo operacional do caminhão com uma estrada bem cuidada. Menos gastos com a manutenção do caminhão refletiriam em produtos com preços menores. Mas, a partir de uma determinada tarifa de pedágio, o efeito se inverte e acaba tendo um impacto negativo na economia como um todo.

Francisco Pelucio, do Sindicato das Empresas de Transportede Cargas de São Paulo e região (Setcesp), afirma que em São Paulo o pedágio tem impacto de 10% a 25% do custo do transporte. Para ele, um pedágio viável deveria representar até 3% do custo do transporte.

O pedágio paulista aumenta o “custo São Paulo”, principalmente levando em conta que 90% do transporte feito no Estado é pelas rodovias.

De acordo com estudo realizada pela Liderança do PT na Assembleia Legislativa, um caminhão de seis eixos, que roda 15.000 quilômetros ao mês (o que é normal segundo os transportadores) nas rodovias pedagiadas de São Paulo, pagará mensalmente R$ 9.459,00 de pedágio. No ano, serão R$ 113.508,00. Com combustível, esse mesmo caminhão gastará anualmente R$ 117.540,00. O gasto de pedágio do caminhão é quase o mesmo do combustível.

Eraí Maggi Scheffer, um dos maiores produtores de soja do Mato Grosso, afirma que levar soja para o Porto de Santos custa R$ 1.095,50, em cada viagem, só de pedágio, o equivalente a 42 sacas do produto.

O impacto nas passagens de ônibus

No Estado de São Paulo, linhas de ônibus intermunicipais, que atendem a população mais carente, apresentam as passagens mais caras porque têm embutida no preço o custo do pedágio.

O governo do Estado chegou a afirmar que o pedágio só atingia a classe média. Mas a verdade é que ele incide mais fortemente sobre a população de menor renda. Em algumas linhas do transporte intermunicipal, o pedágio embutido na passagem chega a 14% do preço total. Em algumas linhas o usuário paga R$ 0,70 a mais na viagem. Esse passageiro no final de um ano terá gasto de R$ 420,00 com pedágio, embutido na passagem do ônibus.

PMs que aderiram à proposta do ‘bico oficial’ estão com os salários atrasados

Com informações do JT

Policiais militares que aderiram à Operação Delegada, que é a oficialização do trabalho informal, uma parceria entre o Governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo, estão com os salários atrasados. Cerca de 4 mil policiais fiscalizam o comércio ambulante durante a folga, no chamado ‘bico oficial’.

O trabalho que começou na Rua 25 de Março expandiu-se por diversos pontos da cidade, nos últimos meses. O atraso no pagamento da diária de R$ 113 foi revelado ao Jornal da Tarde por um grupo de dezenove soldados e cabos. De acordo com os policiais, a espera para receber os dias trabalhados tem durado até dois meses.

As explicações do Estado e da Prefeitura em relação ao atraso divergem. Enquanto a Prefeitura disse que não há atraso no repasse do dinheiro à PM, representantes da corporação (Estado) disseram que vão regularizar os pagamentos atrasados.

A Operação Delegada foi apresentada pelo Governo como uma alternativa para os serviços de segurança que os policiais costumam exercer para complementar a renda. Em 2009, 47 PMs foram assassinados fora do expediente 16 durante o expediente oficial. A categoria enfrenta os mesmos problemas da maioria do funcionalismo público estadual: salários estagnados, tíquete-refeição de R$ 4,00 e más condições de trabalho.

Privatizações

Privatizações
Memórias do Saqueio: como o patrimônio construído com o trabalho e os impostos do povo paulista foi vendido
 
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