Editorial TSP Educação Eleições Contas Públicas Imprensa Política Precatórios Privatizações Saneamento Saúde Segurança Pública Servidores Transporte
Agora São Paulo Assembléia Permanente Brasília Confidencial Carta Capital Cloaca News Conversa Afiada Cutucando de Leve FBI - Festival de Besteiras na Imprensa Jornal Flit Paralisante NaMaria News Rede Brasil Atual Vi o Mundo
Canal no You Tube
Agora São Paulo Assembléia Permanente BBC Brasil Brasília Confidencial Carta Capital Cloaca News Conversa Afiada Cutucando de Leve FBI - Festival de Besteiras na Imprensa Jornal Flit Paralisante NaMaria News Rede Brasil Atual Reuters Brasil Vi o Mundo

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Como fazer uma reportagem superficial: Samu tem atrasos de até nove horas em atendimentos

Deu no R7
publicado em 07/09/2010 às 12h11:



Samu tem atrasos de até nove horas em atendimentos

Após morte em fevereiro, ao menos outros 13 socorros demoraram mais de uma hora
Fernando Gazzaneo, do R7Após a morte, em fevereiro passado, do morador de rua Odair de Souza, que esperou 1 hora e 40 minutos pelo atendimento do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de São Paulo, os socorros prestados continuaram apresentando atrasos entre abril e julho, conforme apuração do R7 que teve acesso a numerais de ordem, documentos que mostram o tempo exato de cada passo das equipes. Em ao menos 15 casos, a demora ultrapassou 40 minutos, chegando a até nove horas.

Em um dos casos, um paciente de 74 anos com parada cardiorrespiratória aguardou uma hora pela ambulância do Samu e morreu logo depois de chegar ao hospital. Nesse caso, a vítima deveria ter recebido atendimento em até 16 minutos, segundo determinação da Secretaria Municipal de Saúde, responsável pelo Samu.
Em nota, a pasta afirmou que “lamenta a morte do paciente e informa que foi aberta apuração preliminar para apurar todas as ocorrências citadas pela reportagem", ressaltando que o “serviço 192 realiza mais de 1.200 atendimentos por dia” na cidade.

A reportagem do R7 fez um levantamento com base em numerais de ordem do Samu e verificou que o atraso está, principalmente, na passagem do atendimento da central do Samu para as ambulâncias.
Nove horas de espera

O filho de Vitalina Tavanelli fez em 5 de maio um chamado ao Samu às 9h, que foi repassado para a base do Jabaquara às 17h43. Dois minutos depois, a ambulância saiu para socorrer a vítima que fraturou a bacia e chegou em cinco minutos à casa da família, às 18h10. Wilson Tavanelli conta que chegou a ligar três vezes para a central do Samu para cobrar o atendimento. Em uma delas, um funcionário orientou que ele encontrasse meios próprios para socorrer a mãe.


- Tive que deixar minha mãe no lugar onde ela estava, porque sabia que ela tinha quebrado alguma coisa. Ela é idosa e se queixava de dores na cabeça, onde sofreu um corte fundo, e na região do fêmur. Quando a ambulância chegou, o motorista ficou mais irritado do que eu. Ele não acreditou que minha mãe esperou nove horas para ser atendida.


Vitalina sentiu muita dor antes de ser socorrida e hoje se recupera na casa do filho, que deixou de trabalhar para cuidar da mãe. Já Francisco Odete Bento, de 74 anos, não sobreviveu a uma parada cardiorrespiratória e a quase uma hora de demora no atendimento.

No dia 22 de julho, um parente dele chamou o Samu para atender o paciente que “estava deitado na cama, inconsciente, cianótico [quando há baixa oxigenação do corpo], com parada cardiorrespiratória há pelo menos uma hora”, como informou a família ao serviço. O chamado foi feito às 16h09 e a transmissão só aconteceu cerca de 40 minutos depois. A ambulância chegou à casa de Bento às 17h e saiu de lá após quatro minutos. A reportagem do R7 apurou com um funcionário do serviço (que pediu para não ser identificado) que havia duas ambulâncias disponíveis na hora que o chamado foi feito para a central.

Por se tratar de um problema envolvendo coração e com alto risco de morte para o paciente, a ambulância enviada para socorrer Bento deveria contar com um médico acompanhando a equipe de socorristas. No entanto, as duas ambulâncias disponíveis na base do Jabaquara não contam com esse tipo de serviço, a chamada unidade de suporte avançado de saúde.
O funcionário conta que é frequente faltar materiais de socorro, como faixas, luvas descartáveis e fitas usadas nos desfibriladores (equipamento usados para fazer reanimação cardíaca). A secretaria não comentou a falta de equipamentos.

Morador de rua
Durante abril e junho passados, a reportagem encontrou ao menos 13 atendimentos  que demoraram mais de uma hora. Com dificuldades para respirar e inconsciente, a família de uma mulher de 77 anos pediu socorro às 14h29 em 14 de abril, mas a ambulância só recebeu o chamado às 15h26. No dia 18 do mesmo mês, uma vítima em parada cardiorrespiratória caída no banheiro de casa chamou o Samu às 18h57, mas a atendimento só aconteceu às 19h53. No dia 19, um chamado para socorrer uma mulher, de 33 anos, deitada no banheiro após uma convulsão foi feito às 8h40, mas a equipe de socorristas chegou cerca de uma hora depois.
Em pelo menos outras quatro situações, as vítimas foram levadas por familiares até o hospital depois que atendimento demorou até duas horas para acontecer.
Todos os casos foram relatados pelo R7 à coordenação do Samu, mas a Secretaria Municipal de Saúde não informou a classificação de prioridade de cada um deles tampouco explicou por que uma unidade de suporte avançado não foi enviada para socorrer o paciente com parada cardiorrespiratória no Jabaquara. Em entrevista em 24 de abril, Paulo Krom, coordenador do Samu na capital, explicou que as ocorrências que envolvem coração, cérebro e traumas devem ser consideradas de urgência pelas equipes por causa do risco de morte.

Segundo a Secretaria de Saúde, até agosto deste ano, o Samu “vem obtendo substancial avanço no que se refere aos tempos médios de atendimento. Todas as regiões da capital tiveram queda no tempo de atendimento dos níveis 1 e 2 (necessidade de socorro imediato em função do risco de vida e casos de necessidade de atendimento médico dentro de poucas horas, respectivamente). A média que era de 35 minutos em 2004, caiu para 16 minutos em 2010 no nível 1. Já o casos de nível 2 também tiveram queda expressiva. De 65 minutos, em 2004, para 46 minutos neste ano".

Em 24 de abril, o R7 publicou a reportagem sobre a morte do morador Odair de Souza por broncopneumonia após o socorro do Samu demorar 1h40. A vítima foi encontrada inconsciente, trancada em um banheiro do Arsenal da Esperança, no centro da capital, respirando com dificuldades e com o corpo sujo de fezes e urina. Ele apresentava sinais de agressão. O caso foi aconteceu em 27 de fevereiro.











A Secretaria de Saúde informou que abriu investigação interna para descobrir as causas e os responsáveis pelo atraso e o Ministério Publico Estadual deu início a um inquérito civil para apurar possíveis irregularidades no atendimento e na administração do Samu.





No inquérito, a promotora Ana Lúcia Vieira pediu para que a secretaria esclarecesse “em cinco dias a noticiada ineficiência do serviço do emergência”. Quatro meses depois, a “prefeitura apresentou alguns documentos que ainda estão sendo analisados e não é possível falar em resultados porque os fatos ainda estão sendo investigados”, informou a promotora por meio de nota. Ana Lucia ainda afirmou que uma reunião com o Samu está marcada para 13 de setembro.






O prazo inicial era que a investigação da secretaria fosse concluída em até um mês. Questionada sobre o tempo de apuração, a pasta respondeu apenas “que as providências estão sendo veiculadas no Diário Oficial da cidade”.






A morte foi registrada no 8º DP, no Brás. A polícia abriu inquérito para investigar as agressões ao morador de rua. Procurada pelo R7 nesta semana, o delegado José Aparecido Figueiredo disse apenas que "a investigação está em andamento” e que ele enviou o inquérito policial “ao fórum com pedido de prorrogação de prazo”.


Motolâncias



Até a publicação desta reportagem, a promotora Ana Lucia Vieira não foi encontrada para comentar os casos de atraso no atendimento do Samu. Mas como ela relatou em 30 de abril, a reestruturação do serviço de urgência, iniciada em 2005, é resultado de outro inquérito civil que fez com que o Samu tivesse uma central de atendimento e equipamentos com tecnologia de ponta.





- Exemplo disso são as motolâncias que carregam equipamentos super modernos para prestar o atendimento às vitimas. Um pequeno objeto redondo pode se transformar em um aparelho de eletrocardiograma [exame de coração], que consegue, em segundos, transmitir o diagnóstico para um médico avaliar.






Mas 80% das motocicletas que carregam equipamentos como o relatado pela promotora ainda estão fora das ruas. Das 80 ambulâncias capazes de prestar atendimento de socorro a vítimas (principalmente para vítimas com problemas no coração, cérebro e de fratura), apenas 16 delas estão nas ruas, o dobro se comparado a abril deste ano. O restante delas ainda está à espera de que profissionais do Samu sejam capacitados pela prefeitura e pela PRF (Polícia Rodoviária Federal). Apesar disso, a Secretaria de Saúde afirma que o Samu de São Paulo tem a maior frota de veículos de emergência do país.

O que a reportagem não informou (e o TSP complementa):

quarta-feira, 11 de agosto de 2010


São Paulo é o único Estado que não contribui com o SAMU/192

/ On : Quarta-feira, Agosto 11, 2010 - Contribua com o Transparência São Paulo; envie seu artigo ou sugestão para o email: transparenciasaopaulo@gmail.com

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) que atende o cidadão em sua casa, nas ruas e no local de trabalho não recebe um só centavo do governo tucano de São Paulo. Criado em 2003 pelo governo federal, as gestões Alckmin e Serra foram as únicas entre os estados brasileiros que não contribuíram com sua cota.

O financiamento do SAMU é tripartite: 50% vêm do governo federal, 25% do Estado e outros 25% do município. É esta participação dos três entes da federação que dá sustentabilidade ao programa e propicia sua ampliação. No caso de São Paulo, todo o atendimento do SAMU, inclusive as ambulâncias, é custeado unicamente pelo governo federal e municípios - são 91 municípios e 32 centrais.

Municípios reclamam

Ao não cumprir a sua parte nas despesas, a conta fica mais pesada para os municípios, que são obrigados a arcar com a parcela que deveria do Estado. Se o Estado contribuísse com a percentagem que foi pactuada, certamente a cobertura do SAMU seria muito maior em São Paulo.

Durante as audiências públicas, promovidas pela Assembleia Legislativa para discutir as audiências do Orçamento do Estado para 2011, muitos prefeitos e representantes das administrações municipais reclamaram da falta de compromisso do Estado para que as cidades possam assinar convênio para a implantação do SAMU com o governo federal. “Se o governo do Estado não der a sua parte, inviabiliza a implantação no SAMU”, salientou a coordenadora do Departamento de Saúde de Registro, Maria Cecília Della-Torre.

Atendimento SAMU

O SAMU alcança 106 milhões de brasileiros - Região Sul: 17.221.962; Nordeste: 26.179.381; Centro Oeste: 10.407.577;Sudeste: 45.371.427; Região Norte: 6.550.451.

O atendimento em casos de urgências é feito pela ligação telefônica gratuita, por meio do número 192.

*com informações da reportagem de Conceição Lemes

Privatizações

Privatizações
Memórias do Saqueio: como o patrimônio construído com o trabalho e os impostos do povo paulista foi vendido
 
Copyright Transparência São Paulo - segurança, educação, saúde, trânsito e transporte, servidores © 2010 - All right reserved - Using Blueceria Blogspot Theme
Best viewed with Mozilla, IE, Google Chrome and Opera.