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domingo, 21 de novembro de 2010

Projeto da Nova Luz é “elitista” e exclui moradores da região, dizem arquitetos

Especialistas criticam "importação" do projeto de revitalização da Cracolândia

Fernando Gazzaneo, do R7
Reprodução/Arte R7
A proposta de revitalização da região central da cidade de São Paulo conhecida como Cracolândia ignora as necessidades sociais da área, impõe padrões importados de cidades europeias que não dialogam com a cultura local e não possui informações precisas de como o capital privado será atraído para valorizar novamente a Luz. A opinião é de três dos quartos arquitetos ouvidos pela reportagem doR7 sobre o projeto preliminar da Nova Luz, divulgado pela prefeitura na quarta-feira (18).


O urbanista do Instituto Pólis Kazuo Nakami critica a forma “vaga” como o projeto, disponível para consulta pública na internet, é apresentado à população. Ele diz que a proposta não contempla “as demandas sociais da área”. A partir de agora, serão feitas reuniões com setores da sociedade pra aprimorar a proposta e uma audiência pública deve ocorrer em até dois meses.
- Da forma com que o projeto está colocado, a região não tem moradores de rua e de cortiço, não tem drogados, trabalhadores informais ou comerciantes. Apesar da falta de informações, já está muito claro que o projeto é excludente e que pretende enobrecer a região para a elite da cidade.

O projeto, elaborado por um consórcio de empresas contratado pela prefeitura, prevê a criação de bulevar, áreas verdes e ciclovias. A estrutura idealizada será composta por três eixos. O primeiro irá abranger a região da rua Vitória e deve ser voltado ao entretenimento, com a criação de um bulevar semelhante ao La Rambla, em Barcelona, na Espanha.

O segundo eixo, na rua Timbiras, será voltado para o setor de tecnologia, com concentração de empresas da área. O último ficará na região da rua Triunfo e será voltado para área residencial, incluindo a criação de uma grande praça, que funcionará como espaço de convivência.
"Hábitos burgueses"

Para o arquiteto e professor da universidade Presbiteriana Mackenzie Paulo Giaquinto, o projeto ainda está no começo e, por isso, é difícil prever se o modelo dará certo ou não. Contudo, ele critica a maneira como a administração municipal diz querer atrair capital e público para revitalizar a área. Giaquinto afirma que os focos em entretenimento e tecnologia não são as soluções.

- Nós já temos os exemplos dos equipamentos culturais na região, como a Pinacoteca, o Museu da Língua Portuguesa e a região da Santa Ifigênia, onde se pode encontrar todo tipo de tecnologia. Essas duas apostas do projeto [entretenimento e empresas de tecnologia] não funcionam. Falta no projeto dizer quais serão as âncoras [atrativos] que vão puxar os investimentos para a área.

O professor também pontua que, para que ofertas imobiliárias na região sejam atraentes à classe média, são necessários investimentos do poder público, como a instalação de hospitais e universidades. Para ele, essa classe social tem poder de consumo que pode ajudar na revitalização da região. Ainda segundo o urbanista, os arquitetos costumam ter o "péssimo costume de impor hábitos burgueses às classes mais baixas”.

- Eu não vi no projeto um local para música popular, que é o que tem a ver com os moradores da região. As imagens [do croqui] parecem um centro europeu. O projeto me parece uma transferência de exemplos internacionais. E isso é praticamente sentença de derrota. 

Áreas verdes
A urbanista Lucila Lacreta, diretora do ONG Defenda São Paulo, faz coro com os outros especialistas e afirma que o centro “não pode virar o shopping Iguatemi”. Para ela, há características da região que não são levadas em conta na proposta.

- A Santa Ifigênia é uma região que tem uma vitalidade que não se encontra em outro lugar. Pelas informações dispostas no projeto, não sei como ela vai se readequar dentro desse espaço.


Lucila chama também a atenção para as áreas verdes que serão construídas na região da Nova Luz.

- O projeto tem que ajudar a população a construir uma cultura de espaços coletivos. Com exceção do Ibirapuera, as outras verdes e as praças da cidade ficam ociosas e as pessoas acabam se afastando delas. Não dá pra repetir erros passados.
Já o arquiteto e professor aposentado da USP (Universidade de São Paulo) Dácio Ottone diz acreditar que a junção de comércio, moradia e entretenimento é a formula para consolidar um bairro sólido e com infraestrutura bem arrumada. Para o especialista, a região é rica em transporte coletivo, o que pode ser um grande atrativo para que as pessoas voltem a morar no centro. 

- A região tem futuro e o projeto da Nova Luz pode inclusive movimentar a revitalização de outras áreas próximas.

R7 procurou a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano sobre as críticas dos arquitetos, mas até a publicação desta reportagem a pasta não havia se manifestado.

Reprodução/Arte R7
Imagens mostram como deve ficar a rua Mauá, em frente à Estação Pinacoteca, depois da reurbanização. Área se transformará em um centro de entretenimento e cultura


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