Editorial TSP Educação Eleições Contas Públicas Imprensa Política Precatórios Privatizações Saneamento Saúde Segurança Pública Servidores Transporte
Agora São Paulo Assembléia Permanente Brasília Confidencial Carta Capital Cloaca News Conversa Afiada Cutucando de Leve FBI - Festival de Besteiras na Imprensa Jornal Flit Paralisante NaMaria News Rede Brasil Atual Vi o Mundo
Canal no You Tube
Agora São Paulo Assembléia Permanente BBC Brasil Brasília Confidencial Carta Capital Cloaca News Conversa Afiada Cutucando de Leve FBI - Festival de Besteiras na Imprensa Jornal Flit Paralisante NaMaria News Rede Brasil Atual Reuters Brasil Vi o Mundo

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus interdita duas faixas da avenida Paulista

20/01/2011 - 18h55
PUBLICIDADE
DE SÃO PAULO


Uma manifestação interdita duas faixas da pista sentido Paraíso da avenida Paulista, região central de São Paulo, na noite desta quinta-feira . O protesto é organizado pelo MPL (Movimento Passe Livre), contra o aumento da tarifa de ônibus na cidade.
A concentração ocorreu no fim da tarde, na praça do Ciclista --na esquina entre as avenidas Consolação e Paulista. Por volta das 18h, o grupo formado por cerca de 500 pessoas --segundo a PM e a organização-- iniciaram uma caminhada ao longo da Paulista. Por volta das 18h40 eles estavam na altura da rua Peixoto Gomide.
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a lentidão vai desde o acesso das avenidas Rebouças/Dr. Arnaldo para a Paulista.
No último dia 5, a passagem foi reajustada de R$ 2,70 para R$ 3 --aumento de 11%. Para efeito de comparação, a inflação em 2010 na cidade foi de 5,83%, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
VIOLÊNCIA
A manifestação acontece uma semana após o confronto com a Polícia Militar na praça da República (centro). O protesto foi reprimido com tiros de borracha, bombas de efeito moral e gás de pimenta.
De acordo com a polícia, o protesto deveria se dispersar na praça da República, mas os manifestantes queriam ir para a Câmara Municipal. Segundo a assessoria da PM, o "conflito se deu porque eles interditaram a avenida Ipiranga", e o gás lacrimogêneo foi utilizado "para desobstruir a via".

Delegado agride cadeirante por vaga de estacionamento no interior de São Paulo


Corregedoria Auxiliar de São José dos Campos instaurou inquérito sobre o caso

Agência Estado



Um advogado paraplégico foi agredido por um delegado, na tarde de segunda-feira (17), em São José dos Campos, a 97 km de São Paulo. Os dois brigaram por causa de uma vaga de estacionamento especial para deficientes físicos.
O irmão do advogado Anatole Magalhães Macedo Morandini, Fúlvio, contou que, por volta das 17h de segunda-feira, Anatole tentava parar seu carro em uma vaga próxima a um cartório no centro da cidade. Porém, a vaga destinada a deficientes físicos estava ocupada. O advogado parou o carro mais longe e quando estava próximo ao cartório viu que o homem que utilizou a vaga não era portador de deficiência física.
Segundo Fúlvio, seu irmão questionou o delegado Damásio Marino, que trabalha no 6º Distrito Policial de São José dos Campos. Os dois discutiram e o delegado teria insultado Anatole.
- Meu irmão se sentiu desrespeitado e cuspiu no vidro do carro dele.
O delegado teria então descido novamente do carro, e com uma arma na mão, dado coronhadas na cabeça, olho e boca do advogado.
O delegado foi identificado, pois uma pessoa que testemunhou a briga anotou a placa do carro dele, informou o irmão do advogado. Ainda na segunda-feira, Anatole registrou um boletim de ocorrência, por lesão corporal, e fez exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal).
A SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo afirmou, por meio de nota, que o delegado titular da 1ª Corregedoria Auxiliar de São José dos Campos, Antônio Álvaro Sá de Toledo, instaurou um inquérito, na terça-feira (18), para investigar o caso. Também foi aberto um processo administrativo para apurar a responsabilidade funcional do delegado. O advogado de defesa de Marino, Luiz Antonio Lourenço da Silva, não foi encontrado para comentar o caso.

Polícia Civil vai repassar parte da tarefa de elaboração dos boletins de ocorrência para a PM

Da Rádio Bandeirantes

cidades@eband.com.br

Em entrevista ao Ciranda da Cidade, o novo Delegado-Geral de São Paulo Marcos Carneiro de Lima, afirmou que os delitos mais simples, que são registrados pela internet, como furto de veículos e celulares, poderão ser comunicados às companhias da PM.

O Delegado-Geral disse que também vai incentivar a divisão de capturas da Polícia Civil e reforçar o trabalho voltado para a inteligência.

Ainda segundo ele, a mudança é mais de caráter administrativo. O trabalho será o mesmo, com duas linhas de frentes principias: atendimento melhor para a população na delegacia e melhorar a investigação policial.

Governo Alckmin bloqueia mais recursos da Habitação e dos Transportes.

(dO Estado de SP)
Transporte e habitação são as duas áreas mais afetadas pelo congelamento de R$ 1,5 bilhão anunciado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) no início do mandato. Juntas, elas respondem por 72% das verbas bloqueadas pelo tucano, ou R$ 1,1 bilhão. O governo alega que a medida é “cautelar” e que nenhuma obra ou projeto será paralisado ou adiado por causa da decisão.
Ao todo, 43 órgãos do governo, sendo 17 secretarias, tiveram parte dos recursos contingenciados. Na prática, isso significa que os valores definidos ficam bloqueados no orçamento de cada órgão e poderão ser liberados ou não no futuro, de acordo com o andamento da arrecadação do Estado. Quem mais sofreu com a medida, em volume de dinheiro, foi a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, que teve R$ 422,7 milhões congelados, ou 9% dos R$ 4,8 bilhões previstos para este ano. A pasta é responsável pela construção de linhas de metrô e trem em São Paulo.
O secretário Jurandir Fernandes disse que, para não afetar obras em andamento, como a Linha 4-Amarela (Vila Sônia-Luz), pode usar verbas que estavam previstas para outras duas ações que estão paralisadas por problemas jurídicos: a Linha 5-Lilás, suspensa por suspeita de fraude na licitação, e a Linha 17-Ouro, suspensa por liminar da Justiça.
“O contingenciamento é global. Não se dá em cima de um programa específico. Na minha área, como há situações de paralisia, como as linhas 5 e 17, não afeta os outros programas. Se for preciso pego (recursos) da linha 5. Mas, sanados os problemas jurídicos, o governo vai injetar dinheiro e as obras serão retomadas”, afirmou.

DER e Tamoios
Na sequência no ranking do congelamento vem o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), responsável pelo programa de recapeamento de rodovias. O órgão teve R$ 241 milhões bloqueados, dos quais R$ 240 milhões são em investimentos. Em nota, o DER informou que trata-se de “medida rotineira” no início de cada ano que, “por ora, não há definição de cortes nas intervenções viárias previstas para este ano”.
Além do DER, a Secretaria de Logística e Transportes, à qual o órgão é vinculado, teve R$ 58,4 milhões congelados. Os dois órgãos são responsáveis, por exemplo, pelo recapeamento de 52,9 km da Rodovia dos Tamoios (SP-99), ao custo de R$ 36 milhões. O prazo para conclusão da obra é maio.

Obstáculo à 1ª promessa
É na Tamoios, aliás, que está o primeiro obstáculo para promessas eleitorais de Alckmin. Nas eleições, ele disse que a duplicação da rodovia seria a primeira obra do governo, com início este mês. O projeto ainda está em estudo de impacto ambiental e não tem recursos previstos. O custo estimado é de R$ 2,7 bilhões. “A obra é cara e procuramos possibilidades de financiamento. Mas o governador disse que vai fazer e vamos fazer”, disse o secretário de Planejamento, Emanuel Fernandes.
Ainda no transporte, o bloqueio atingiu R$ 211,4 milhões da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), 8% dos R$ 2,5 bilhões previsto inicialmente. Fernandes, cuja pasta controla a companhia estatal, disse que, como no metrô, não haverá atrasos em programas. De todas as pastas, a Secretaria de Habitação é a que registrou o maior impacto do congelamento proporcionalmente: 15% ou R$ 199,9 milhões do orçamento de R$ 1,31 bilhão. “Não haverá problema de descontinuidade nas obras. O congelamento é temporário e o que está livre dá para gastar sem comprometer as ações”, disse o secretário Silvio Torres.

Outro lado
Responsável por distribuir os recursos do orçamento do Estado e por administrar os pedidos dos órgãos do governo por mais dinheiro, Fernandes, disse que nenhuma obra será paralisada neste início de governo por causa do congelamento, mas que cortes podem ocorrer futuramente dependendo do desempenho do governo na arrecadação de impostos e tributos.
“Ninguém vai cortar no começo porque este contingenciamento se dá no final. Pode ser que lá para outubro, se a arrecadação não atingir nossa previsão, o dinheiro não seja liberado. Mas agora, asseguro que nenhuma obra vai parar por causa disso”, afirmou Fernandes.
O secretário disse que a Secretaria da Fazenda faz o acompanhamento diário da arrecadação e que, na primeira quinzena de governo, ela está de acordo com o valor estimado. “Vamos fazer uma análise da arrecadação dos primeiros três meses e definir isso. Mas os secretários já estão avisados de que se não conseguirem fazer alguma coisa porque não têm dinheiro para fazer o empenho, é para falar, porque o governador e eu vamos liberar o dinheiro”.
Fernandes não soube dizer quais ações dentro de cada órgão foram afetadas pelo congelamento. Ele destacou apenas que ficaram intactos os orçamentos das secretarias de Saúde, Educação e Segurança, das universidades paulistas e do Centro Paula Souza, além dos outros poderes, como Assembleia Legislativa e Tribunal de Justiça.

SABESP inunda cidades em São Paulo

Falta de transparência, planejamento e responsabilidade na gestão das represas paulistas.(do Transparência SP)

A reportagem investigativa abaixo revela as responsabilidades do governo do Estado (SABESP) nas inundações recentes em Franco da Rocha. Em 2011, barbeiragens na administração do sistema Cantareira repetem as barbeiragens na gestão do sistema Alto Tietê em 2010. Nos dois casos, diversas cidades e bairros experimentaram enchentes absurdas.

(de Conceição Lemes, do blog Vi o Mundo)

Na última semana, Franco da Rocha, a 45 quilômetros da capital paulista, “ganhou” o noticiário nacional. Na quarta-feira, 12, amanheceu inundada, inclusive a Prefeitura. Em certos lugares, a água subiu 2 metros. A população de 120 mil habitantes ficou ilhada.

Sábado, 16 de janeiro, os moradores começaram a voltar para casa. A remoer-lhes esta dúvida: A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) agiu corretamente ao abrir as comportas?
“Por telefone, no dia 11 [terça-feira], a Defesa Civil de Franco da Rocha foi comunicada que no dia seguinte [12, quarta-feira] a Sabesp iria abrir as comportas da represa Paiva Castro e liberar 15 metros cúbicos por segundo [15m³/s]”, diz ao Viomundo João Cruz, assessor de imprensa da Prefeitura do município. “Nada mais foi dito.”
“Por telefone?”, esta repórter questionou-o.
“Só por telefone!”
“Foi só esse comunicado à Defesa Civil?”, a repórter insistiu.
“Só isso. Nada mais.”
“Nem que aumentariam a vazão de 15 m³ para 80 m³/s?”
“Não. Em nenhum momento.”
“No dia 10 [segunda-feira], choveu bastante, mas no 11 deu uma estiada, durante o dia”, prossegue Cruz. “Fomos dormir com os pontos tradicionais de alagamento quando chove aqui. No dia 12 [quarta-feira], amanhecemos debaixo d’água. A inundação foi devido à abertura das comportas da Paiva Castro e não às chuvas que caíram antes.”
Ou seja, em 11 de janeiro, a Defesa Civil de Franco da Rocha foi comunicada que no dia 12 a Sabesp iria abrir as comportas da represa Paiva Castro. Guarde essa informação.
No dia 12, quarta-feira, em entrevista coletiva, a Sabesp afirmou que a abertura das comportas era necessária.
Para o governador Geraldo Alckmin (PSDB), a Sabesp acertou ao abrir as comportas da represa Paiva Castro. Comunicado da empresa reforçou.
Será? A Sabesp teria agido no momento adequado?

O QUE ACONTECEU EM 2009/2010 NO SISTEMA DO ALTO TIETÊ
As represas liberam água o ano inteiro para os rios envolvidos manterem as suas características. Na maior parte dos meses, em pequenas quantidades. Porém, por volta de setembro, outubro ou novembro, dependendo do volume represado, começam a soltar progressivamente mais água. É para evitar que as barragens fiquem lotadas na época das chuvas. Quando essa recomendação não é seguida, há dois riscos: 1) rompimento das barragens; 2) abertura das comportas numa época em que os rios estão naturalmente cheios devido às chuvas, causando inundações nas regiões abaixo.
Foi o que aconteceu em janeiro de 2010 com as represas do sistema do Alto Tietê, que o Viomundo revelou .
“O Pantanal [em 23 de janeiro] inundou, de novo, porque as barragens do sistema do Alto Tietê estão excessivamente cheias para o verão, e a Sabesp abriu as comportas, contribuindo para alagar ainda mais região”, denunciou, na época, ao Viomundo José Arraes. “É uma irresponsabilidade a Sabesp e o Daee terem deixado a cheia chegar, para começarem a descarregar água dos seus reservatórios. É um crime. É um erro tremendo de gerenciamento.”
Arraes é economista, ambientalista, membro do Comitê da Bacia do Alto Tietê, do Subcomitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e do conselho gestor da APA (Área de Proteção Ambiental) da várzea do Tietê. No final de 2009, ele e outros ambientalistas alertaram à Sabesp e ao Daee [Departamento de Águas e Energia Elétrica], órgãos do governo do Estado de São Paulo, que as barragens do Alto Tietê estavam lotadas demais para o verão.
A de Paraitinga (em Salesópolis), tem capacidade para 37 milhões m³, estava com 92% da sua capacidade. A de Biritiba-Mirim (no município do mesmo nome), 35 milhões m³, estava com 94%. A de Jundiaí (em Mogi das Cruzes), 84 milhões m³ e 97% de cheia. A de Ponte Nova, 300 milhões m³, estava com 73%. A de Taiaçubepa (entre Mogi das Cruzes e Suzano) tem capacidade para 82 milhões m³, estava com 73% de cheia.
Resultado: em janeiro de 2010, a Sabesp teve de aumentar a descarga de água dos seus reservatórios, mesmo o Tietê estando cheio devido às chuvas de verão e à falta de desassoreamento em 2006, 2007 e 2008, como demonstrou reportagem do Viomundo (clique aqui para ler).
A questão do desassoreamento persiste em 2011. Segunda-feira passada, 10 de janeiro, a capital paulista submergiu mais uma vez. Apesar de Ronaldo Camargo, secretário de Administração das Subprefeituras da capital, jogar a culpa em São Pedro (clique aqui para ler), o rio Tietê e vários afluentes transbordaram por falta crônica de capacidade e de limpeza. Diferentemente de 2010, as barragens do sistema do Alto Tietê não tiveram influência nas inundações que atingiram este ano certas áreas do Pantanal, como a Vila Itaim e a Chácara Três Meninas.
“A denúncia do Viomundo deu resultado. Este ano as barragens do sistema do Alto Tietê entraram preventivamente no período chuvoso com 70% da capacidade de armazenamento, diferentemente do verão passado, quando estavam com 99%”, observa José Arraes. “ Quem passa habitualmente pelas marginais do Tietê, deve ter percebido que, no segundo semestre de 2010, o leito estava mais cheio e não ‘lá no fundo’, como em 2009, quando o rio era apenas uma lâmina de uns 20 centímetros.”
A Sabesp está exigindo na Justiça explicações de Arraes sobre a denúncia que ele fez ao Viomundo em 2010.
“NÃO HÁ NADA QUE POSSA JUSTIFICAR A DESCARGA DE 80 M3/S”
E o que tem a ver o sistema do Alto Tietê, Zona Leste da capital paulista, com o da Cantareira, Zona Oeste?
Tenham um pouco de paciência. O assunto é complicado. O sistema Cantareira inclui várias barragens:
* Jaguari/Jacareí – 808 milhões m³
* Cachoeira – 79,6 milhões m³
* Atibainha – 96, 2 milhões m³
* Paiva Castro – 7,6 milhões m³


Elas são interligadas por túneis, que funcionam como vasos comunicantes. A Jaguari-Jacareí descarrega água na Cachoeira, que lança na Atibainha, que, por sua vez, manda para Paiva Castro. Daí, via estação elevatória de Santa Inês, vai para o reservatório de Águas Claras. O destino é a estação de tratamento de água do Guaraú.
Assim, continuamente elas descarregam água – mais ou menos — na seguinte.
A explicação que demos para o sistema do Alto Tietê, vale para Jaguari-Jacareí, Cachoeira e Atibainha. Essas três represas não podem estar lotadas na época das chuvas, pois correm o risco de transbordamento ou de rompimento. Recomenda-se que, antes das cheias, soltem progressivamente água, para que fiquem num nível seguro no verão e suas comportas não precisem ser abertas.
Paiva Castro é diferente. Não chega a ser um reservatório de água. É um canal de passagem. Imagine “quatro piscinas”, conectadas por canos. Jaguari-Jaguareí, a maior de todas, é a “piscina olímpica”. Cachoeira, uma “piscina de academia de ginástica”. Atibainha,” semi-olímpica”. A Paiva Castro é “uma piscina infantil”.
Como essas “piscinas” são integradas e transferem água para outra, dependendo do volume descarregado na “piscina infantil”, o seu volume pode aumentar muito em poucas horas, mesmo sem chuvas intensas. No dia 10, Paiva Castro estava com 48,67%. No dia 11, saltou para 93,42% . No dia 12, quando atingiu 96,40%, Franco da Rocha amanheceu debaixo d’água.
“A vazão média do rio Juqueri, que é o formador da Paiva Castro, é de 2 m³/s. Esse reservatório repassa para o canal de Santa Inês, em média, 33 m³/s ”, explica o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto, ex- professor de Hidráulica e Saneamento da Escola Politécnica da USP. “Essa operação é feita rotineiramente há mais de 30 anos.”
“As chuvas ocorridas na região são consideradas normais para essa época do ano, como atestam os meteorologistas”, prossegue Cerqueira César. “A série histórica de precipitações apresenta dados de mais de 40 anos.”
“Não há nada, portanto, que possa justificar a descarga de 80 m³/s, a não ser a irresponsabilidade da operadora da Paiva Castro”, é taxativo Cerqueira César.

PAIVA CASTRO NÃO ATINGIU 97%, EMBORA COMUNICADOS E ALCKMIN DIGAM QUE SIM
No site da Sabesp, não há informações transparentes para o público (consumidores, jornalistas, investidores, etc) sobre cada uma das represas dos seus vários sistemas. Atualmente, estão indisponíveis até internamente para os funcionários. Está aberto apenas o dado global, juntando todas as represas do sistema Cantareira. Mesmo assim não é fácil achá-lo.
O jeito foi recorrer ao Google, pois buscava informações detalhadas, diárias, de cada uma das quatro represas. Busca aqui, busca ali, o que procurávamos encontra-se hoje lá pelo décimo quarto resultado. Em cima desses dados, esta repórter montou a tabela:


Atentem aos dias 10, 11 e 12. No dia 10, a Paiva Castro estava com 48,67% do seu volume. No dia 11, saltou para 93,42%. No dia 12, para 96,40%.
Para checar, solicitei à Sabesp o volume das represas Jaguari-Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro também nos dias 1º de outubro de 2010, 1º de novembro, 1º de dezembro e 1º de janeiro de 2011. Comparei as respostas fornecidas pela Sabesp com os dados não elencados nos links de suas páginas iniciais e internas, obtidos com a ajuda do Google. Todos coincidem, exceto um. O volume da Paiva Castro do dia 11. O fornecido pela Sabesp é 97%, enquanto o real é 93,42%. O volume do dia 12 não nos foi enviado.
Por sinal, o volume de 97% é citado em vários comunicados da Sabesp à imprensa, inclusive no que é citado o governador Geraldo Alckmin.
É que com 97% há risco de rompimento dessa barragem — o que justifica a abertura das comportas.
Só que a Paiva Castro não atingiu 97% nem no dia 10, nem no 11, nem no 12, quando Franco da Rocha acordou ilhada.
Alguém poderia dizer: “Ah, mas no dia 12, chegou perto – 96, 40%”
No dia 12, Franco da Rocha já amanheceu submersa. Então, por que, curiosamente, o volume do dia 11 foi o único que a Sabesp forneceu errado (via e-mail) para o Viomundo? A Sabesp nos informou 97%. Só que o volume real era 93,42%
Estranhamente algo mais aconteceu nos dias 10 e 11.

TEMPESTADE DA TERÇA, CHUVA DA NOITE DA SEGUNDA OU IRRESPONSABILIDADE?
Aqui, vale a pena recordar um trecho do comunicado oficial da Sabesp após a coletiva do dia 12, quarta-feira passada. O diretor metropolitano da empresa culpa “tempestade da terça”.
No dia 13, outro informe da Sabesp fala em 96% e põe a culpa na chuva da segunda-feira pela abertura das comportas:
Dadas as chuvas que aconteceram na noite de 10/01, o volume de água que chegou na represa Paiva Castro fez com que a reservação passasse de 46% para 96% do volume total.
Diante dessa situação, foi necessário abrir as comportas para evitar o rompimento da barragem.
Lembram-se das informações que, lá no início desta reportagem, pedimos para vocês guardarem bem? São as revelações de João Cruz, assessor de imprensa de Franco da Rocha, ao Viomundo. Elas foram confirmadas pela Defesa Civil e pela Guarda Municipal da cidade. Vale a pena repeti-las aqui.
“Por telefone, no dia 11, a Defesa Civil de Franco da Rocha foi comunicada que no dia seguinte a Sabesp iria abrir as comportas da represa Paiva Castro e liberar 15 m3/segundo”, repetiu-nos várias vezes João Cruz. “No dia 10, choveu bastante, mas no 11 deu uma estiada, durante o dia. Fomos dormir com os pontos tradicionais de alagamento quando chove aqui. No dia 12, amanhecemos debaixo d’água. A inundação foi devido à abertura das comportas da Paiva Castro e não às chuvas que caíram antes.”

A propósito:
1) Não há elementos para se afirmar que a abertura das comportas se deveu às chuvas, como diz a Sabesp. Há divergência entre os próprios comunicados da empresa. Um atribui às chuvas do dia 10, outro, às do dia 11.
Qual deles é o correto? Como o diretor diz que a tempestade da terça fez com que a vazão atingisse 80m3/s, se durante o dia 11 a chuva deu uma estiada em Franco da Rocha, segundo João Cruz, que é de lá?
2) A Defesa Civil de Franco da Rocha foi avisada no dia 11 que no dia 12 a Sabesp abriria as comportas da Paiva Castro. Só que as comportas foram abertas no mesmo dia em que foi feita a comunicação.
Como a Defesa Civil poderia ter tomado medidas preventivas em Franco da Rocha se as comportas foram abertas antes do que havia sido comunicado?
Confiram no quadro abaixo. A vazão de 1 m³/s, às 8 h, pulou para 16 m³/s, às 9h. Às 23h, comportas já estavam jorrando 80 m3/s. A progressão não foi conforme explicação da Sabesp no comunicado em que cita o governador Alckmin.
As comportas da Paiva Castro foram abertas na seguinte sequência:


Ontem, 17 de janeiro, a represa Jaguari-Jacareí — a maior do sistema Cantareira, com capacidade para 808 mihões m3 — estava com 100,2% de volume.
“Considerando que Jaguari-Jacareí deve ser operada também para proteger a bacia hidrográfica a jusante [abaixo] contra inundações, a ocorrência desse nível nessa época do ano, estação chuvosa, não se justifica”, reprova o professor Cerqueira César. “A não ser como mais uma irresponsabilidade da operadora do sistema Cantareira”.
Não se pode entrar na estação chuvosa, repetindo o professor Júlio, com a principal represa cheia, já que vai entrar muita água das precipitações.
Em 1º de janeiro de 2011, Jaguari-Jacareí já estava com 83,97% de sua capacidade (veja a tabela Sistema Cantareira — Volume Operacional). E daí só fez aumentar.
Será que, a exemplo do aconteceu com o sistema do Alto Tietê em 2009/2010, esse procedimento não está equivocado?
Será que se Jaguari-Jacareí estivesse operando com volume compatível para o tempo de chuva, a abertura das comportas de Paiva Castro poderia ter sido evitada?
Será que se os ganhos financeiros da Sabesp não fossem provenientes da venda de água, Jaguari-Jacareí estaria com tanta água na época chuvosa?
São perguntas para as quais não existem, por enquanto, respostas definitivas.
Mas nos parece claro que falta transparência ao gerenciamento das represas paulistas, especialmente quando dependem de transparência e clareza as ações preventivas da Defesa Civil, de prefeituras e dos próprios moradores das cidades atingidas.


Economia e Receitas Públicas: indicadores do Estado de SP.













Privatizações

Privatizações
Memórias do Saqueio: como o patrimônio construído com o trabalho e os impostos do povo paulista foi vendido
 
Copyright Transparência São Paulo - segurança, educação, saúde, trânsito e transporte, servidores © 2010 - All right reserved - Using Blueceria Blogspot Theme
Best viewed with Mozilla, IE, Google Chrome and Opera.