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sexta-feira, 25 de março de 2011

Especialistas criticam a suspensão na limpeza do Tietê; rebaixamento da calha pode ter sido prejudicado.

(do portal UOL)

Especialistas ouvidos pelo UOL Notícias afirmaram que a ideia de suspender por quase três anos o trabalho de desassoreamento do rio Tietê foi arriscada e pode ter contribuído para a volta das enchentes na marginal. Como mostrou reportagem publicada hoje, o governo estadual paulista deixou de limpar o leito entre 2006, 2007 e parte de 2008.

Para o geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, que já coordenou estudos sobre o assoreamento do Tietê, a opção das autoridades foi “no mínimo” temerária. “O DAEE sabe perfeitamente o volume de sedimentos que chega todo ano ao leito: são quase 1 milhão de metros cúbicos. Dizer que todo esse volume acumulado não prejudica a capacidade de vazão do rio não faz sentido”, afirma.

Segundo o especialista, que é ex-diretor do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o desassoreamento do leito deve ser feito constantemente, especialmente na época das chuvas e em pontos críticos, quando os resíduos chegam em maior quantidade. “Sem dúvida, essa paralisação explica boa parte das enchentes que enfrentamos. E o resultado alcançado pela obra (de rebaixamento da calha) foi prejudicado. Só não sabemos qual o tamanho do prejuízo”, afirma ele.

Segundo o engenheiro Aluisio Canholi, teoricamente, o acúmulo de dejetos e lixo no fundo do rio potencializa as enchentes na marginal. Como ele explica, os resíduos que chegam se juntam prioritariamente nos trechos de desembocadura dos afluentes. “Nesses pontos críticos, formam-se zonas de controle. São obstáculos de fundo que podem criar uma obstrução da seção hidráulica, levando a água a níveis acima dos indicados”, explica Canholi, que é autor do livro "Drenagem Urbana e Controle de Enchentes".

Um agravante ao quadro, segundo Canholi, é o atraso na construção de piscinões. Dos 134 previstos para toda a região metropolitana, apenas 44 saíram do papel. O engenheiro explica que uma das principais funções dos piscinões é reter parte dos resíduos que seguiria para o Tietê. “Esses reservatórios servem para reduzir o pico de vazão, mas também para retenção de sedimentos. Quando a água entra, decanta. E depois você pode retirar a seco. Como há número reduzido de piscinões, os resíduos vão todos para o Tietê”, analisa.

Ex-professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), Julio Cerqueira Cesar Neto concorda com os colegas e argumenta que todas as conquistas da obra de rebaixamento da calha estão em risco. “O rio está muito assoreado. Não se vê há tempos dragas trabalhando no Tietê e isso é preocupante. O desassoreamento precisa ser constante. Aliás, mesmo se o desassoreamento fosse constante, ainda teríamos algum problema. É muita coisa [resíduos] que chega.”

Como entraves ao serviço, o especialista aponta duas questões: a alta complexidade do trabalho de limpeza e a falta de controle sobre a erosão na região metropolitana. Segundo Neto, a tarefa de escavar o leito do rio é penosa e precisa ser feita por dragas –posicionadas nas margens ou em balsas. Além disso, o material que é retirado precisa ser seco, já que água pingaria dos caminhões se eles partissem imediatamente com os resíduos. “E, para piorar, os 'bota-fora' [locais que recebem resíduos] estão cada vez mais raros. Muitas vezes, é preciso transportar os dejetos mais de 30 quilômetros. Se eles forem contaminados, então, o preço do aluguel do local de descarte fica ainda mais caro.”

O ex-professor da Poli alerta ainda para a inexistência de controle sobre empreiteiras responsáveis pela expansão da mancha urbana paulistana. Segundo ele, ao buscar novos terrenos, as empresas fazem a terraplanagem sem qualquer fiscalização e, muitas vezes, intensificam a erosão nos terrenos. “É uma quantidade monumental de detritos que vai para os córregos. A engenharia já tem métodos que diminuiriam esses problemas, mas seria preciso ter controle sobre as obras”, finaliza.

Rio Tietê ficou sem limpeza por quase três anos em SP.

(do Transparência SP)

Mais de um ano depois dos "blogs sujos" descobrirem e divulgarem (inclusive este aqui) o assunto, o governo paulista e a Folha de SP acabam admitindo a falta de limpeza do Tietê durante a gestão Serra. Detalhe: só divulgaram agora, quando estamos entrando na estação da seca, com menor probabilidade de enchentes do rio Tietê. A população que consulta apenas a grande mídia ficou sem esta explicação para as terríveis enchentes do início do ano.

(do portal UOL)

Destino do equivalente a cerca de 400 piscinas olímpicas de lixo e resíduos todo ano, o trecho metropolitano do rio Tietê ficou sem limpeza entre 2006, 2007 e parte de 2008.

O governo estadual assumiu nesta semana, em resposta a questionamento feito há 24 dias pelo UOL Notícias, que por mais de 1.000 dias não foi feito o serviço de desassoreamento do leito que corta São Paulo e cujos transbordamentos, em dias de forte chuva na capital, interrompem o tráfego na marginal e trazem o caos aos paulistanos. Só nos primeiros três meses deste ano, foram registrados três episódios do tipo.

Nota oficial emitida em 22 de março pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), órgão vinculado à secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos, confirma que houve uma suspensão no serviço de escavação, recolhimento e transporte dos dejetos que se acumulam no fundo do leito do rio.

“A obra de aprofundamento da calha do rio Tietê possibilitou condições de escoamento das vazões que dispensaram a necessidade de realização do serviço de desassoreamento em 2006 e 2007”, afirma o texto, acrescentando que a tarefa só foi retomada no final de 2008.

Na análise de especialistas, no entanto, tal suspensão é temerária e pode, inclusive, ter prejudicado os ganhos obtidos com o rebaixamento da calha do Tietê, obra entregue em 2005, sob o custo de R$ 2 bilhões, e que alargou o rio em até 30 metros e o aprofundou em 2,5 metros.

Como apontam engenheiros e geólogos, o Tietê é um rio plano, com baixa velocidade da água e limitada capacidade de autolimpeza. Por isso, precisaria ser desassoreado sempre –apesar de essa ser uma tarefa cara (retirar 1 milhão de metros cúbicos custa R$ 64 milhões) e com pouca visibilidade política.

Aluisio Canholi, doutor em engenharia e coordenador do Plano de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê (1998), afirma que a suspensão no serviço é "menos grave" por ter sido concentrada no período imediatamente posterior à entrega da obra de rebaixamento da calha.

Como ele explica, o revestimento de concreto aplicado em 2005 nas paredes do leito, em tese, fez com que os resíduos se acumulassem em menor escala nos anos seguintes à inauguração. Além disso, as intervenções aumentaram a vazão do rio e sua velocidade, facilitando a dispersão dos dejetos. "Se eram poucos os resíduos, não teria tanto problema em suspender a limpeza. De toda forma, todo rio urbano precisa ser desassoreado constantemente", pondera.

Segundo o especialista, no entanto, só é possível saber a extensão exata do problema –e suas reais consequências– se fosse feita uma análise dos resultados das medições do Tietê em 2006, 2007 e 2008. "É necessário ver o que apontam os relatórios de batimetria (técnica que mede a profundidade do rio) e vazão. Se o assoreamento estava de fato interferindo significativamente na vazão do rio, a questão é gravíssima."

Guardião de tais relatórios, o DAEE foi solicitado em 1º de março deste ano a fornecer os resultados dos estudos de batimetria e vazão. O órgão não havia respondido o pedido até ontem (23 dias depois), quando foi cobrado novamente. Por meio de sua assessoria de imprensa, o DAEE informou que não iria fornecer à imprensa tais informações.

Histórico de idas e vindas

A necessidade de continuar o trabalho de limpeza foi lembrada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), no dia da cerimônia de entrega da obra de rebaixamento da calha, em 19 de março de 2006.

Na ocasião, além de prometer que o Tietê não voltaria e encher tão cedo, o então postulante ao Planalto anunciou aos presentes que uma Parceria Público Privada (PPP) seria lançada para garantir a manutenção da obra recém-inaugurada, enquanto outras empresas governamentais –Sabesp, Nossa Caixa, Cetesb e Cesp – cuidariam dos 50 quilômetros de jardim na marginal. “A manutenção já começa imediatamente. Começamos com quatro empresas do governo e pretendemos ampliar com a iniciativa privada”, disse na ocasião.

Apesar do corte da vegetação marginal ter sido feito, a PPP nunca foi adiante no Palácio dos Bandeirantes, que passou a ser comandado em março de 2006 por Claudio Lembo. Foi somente no final de 2008, na gestão José Serra (PSDB), que o serviço foi retomado, em contratação anunciada no dia 14 de outubro na página 129 do Diário Oficial do Estado.

R$ 2,1 bilhões/mês

É o prejuízo estimado causado pelas enchentes às empresas de São Paulo, segundo dados da Fiesp

Segundo o DAEE, no ano da assinatura do contrato, máquinas removeram 117 mil metros cúbicos de sedimentos (contra o 1 milhão que chega anualmente) em pontos mais críticos do rio Tietê (como a foz dos rios Tamanduateí e Aricanduva), o que representou um investimento de R$ 7 milhões.

Na temporada de chuvas do ano passado, no entanto, após ser alvo de críticas quando a marginal encheu e interrompeu o trânsito novamente, Serra anunciou que o volume de resíduos que voltou a ser retirado precisava ser ampliado. Em fevereiro de 2010, ele afirmou que aumentaria o serviço: passaria de 400 mil metros cúbicos para 1 milhão de metros cúbicos anuais.

Desde então, o contrato foi várias vezes aditado. Foi somente neste ano, quando Alckmin retornou ao poder, que o governo resolveu fazer novas licitações para o setor. Assim que enfrentou a primeira leva de críticas após o caos visto em São Paulo com a chuva de 10 de janeiro de 2011, o tucano lançou um novo programa de contenção de enchentes.

Alckmin, que mudou o rumo de vários projetos do antecessor, incluiu no pacote uma revisão do que se vinha fazendo com o Tietê. Na primeira ação anunciada, ele disse que passaria a retirar 2,1 milhões de metros cúbicos de resíduos do rio neste ano, contra meta anterior de 1 milhão de metros cúbicos.

No total, entre todos os pacotes anunciados, o governador afirmou que irá investir cerca de R$ 558 milhões em ações contra as enchentes. O governo estadual calcula que, hoje, o rio tenha cerca de 2 milhões de metros cúbicos de resíduos.

Outro lado

O ex-governador José Serra foi procurado para se posicionar sobre a reportagem. Apesar do contato feito com sua assessora de imprensa e das perguntas enviadas, não houve retorno até a publicação deste texto.

O DAEE, que desde o começo do mês é solicitado a passar ao UOL Notícias dados sobre a questão, enviou apenas um texto em que elenca de forma genérica os principais projetos e as promessas do órgão.

Mesmo sendo solicitado diversas vezes a detalhar os dados que forneceu, o DAEE não divulgou mais informações e não agendou entrevistas com os técnicos do órgão, como foi solicitado pela reportagem.

Em nota, governo de São Paulo afirma que aumento da vazão justificou suspensão na limpeza

Em nota oficial emitida no dia 22 de março, o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), do governo de São Paulo, confirma que deixou de limpar o rio Tietê entre 2006, 2007 e parte de 2008.

"A obra de aprofundamento da calha do rio Tietê possibilitou condições de escoamento das vazões que dispensaram a necessidade de realização do serviço de desassoreamento em 2006 e 2007", afirmou o órgão.

O UOL Notícias tentou, por diversas vezes, obter explicações mais detalhadas sobre a decisão de interromper o serviço. Até a publicação deste texto, o DAEE não forneceu mais dados e não agendou entrevistas com técnicos do órgão, como foi solicitado pela reportagem.

Segundo o DAEE, o trabalho de desassoreamento foi retomado em 2008, quando as máquinas removeram 117 mil metros cúbicos de sedimentos em pontos mais críticos do rio Tietê (como a foz dos rios Tamanduateí e Aricanduva), o que representou um investimento de R$ 7 milhões.

Em 2009, diz a nota, o governo do Estado investiu R$ 22,9 milhões no trabalho de desassoreamento do rio Tietê, removendo 362,7 mil metros cúbicos de sedimentos. Em 2010, as máquinas removeram 887,7 mil metros cúbicos de sedimentos no trecho entre a Barragem da Penha e a Barragem Edgard de Souza. Investimento: R$ 60,5 milhões.

Novas ações estão programadas, segundo o órgão. "O DAEE está realizando a licitação para o desassoreamento do Tietê no trecho entre a Barragem da Penha e a Barragem de Edgard de Souza em 2011 e 2012", diz o órgão, complementando: "A previsão é retirar 2,1 milhões de metros cúbicos em 2011 e 600 mil metros cúbicos em 2012. Investimento total previsto: R$ 110 milhões."

Obra de rebaixamento

Segundo dados oficiais, o Estado concluiu em dezembro de 2005 a obra de aprofundamento de 40 quilômetros da calha do rio Tietê, da Barragem da Penha, na zona leste da capital, ao lago da barragem Edgard de Souza, em Santana de Parnaíba. Em valores atualizados, a obra representou um investimento de R$ 2 bilhões.

O aprofundamento do Tietê foi executado em duas grandes etapas. A primeira fase de obras, entre a foz do rio Pinheiros e a Barragem Edgard de Souza, numa extensão de 16 quilômetros, abrangendo os municípios de São Paulo, Osasco, Carapicuíba, Barueri e Santana do Parnaíba, teve início em outubro de 1987 e foi paralisada em outubro de 1992.

A obra foi retomada em janeiro de 1998 e concluída em dezembro de 2000. As máquinas removeram um total de 4 milhões de metros cúbicos de rochas e sedimentos do fundo do canal nesse trecho.

A segunda etapa, realizada de abril de 2002 a dezembro de 2005, abrangeu o trecho localizado na cidade de São Paulo, entre a foz do rio Pinheiros e a Barragem da Penha. No total, as máquinas removeram 6,8 milhões de metros cúbicos de rochas e sedimentos do fundo do canal.

O rio foi alargado em até 30 metros e aprofundado em 2,5 metros, em média, ao longo de toda a extensão. O resultado desse trabalho foi o aumento da capacidade de vazão do rio.

Piscinões

Paralelamente à obra de aprofundamento da calha do Tietê e o serviço de desassoreamento do rio, o Estado afirmou ter investido R$ 261 milhões na construção de 19 piscinões na bacia do Alto Tamanduateí (municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá e São Paulo), seis na bacia do Pirajuçara (municípios de Embu, Taboão da Serra e São Paulo) e três na bacia do ribeirão Vermelho (municípios de São Paulo e Osasco). Os piscinões foram construídos pelo DAEE e permitem o acúmulo de 5 milhões de metros cúbicos de água das chuvas.

O DAEE argumenta ainda que está investindo R$ 27,6 milhões na construção do piscinão Olaria, no córrego Olaria (afluente do córrego Pirajuçara). "Este piscinão terá capacidade para acumular 80 milhões de litros de água das chuvas, contribuindo para controle das enchentes nos bairros Campo Limpo, Jardim D’Orly, Esmeralda", afirma a nota oficial.

O piscinão será coberto e o projeto prevê a implantação de um grande jardim com parque, áreas de lazer e esportes e pavilhão para atividades culturais na cobertura, diz o órgão. "É importante destacar também que muitos dos problemas de alagamentos registrados na Região Metropolitana são decorrentes de problemas no sistema de microdrenagem, ocupação de áreas de risco –como as várzeas e margens dos cursos d’água- e falhas no serviço de coleta de lixo", pondera o DAEE. "Essas áreas de atuação são de responsabilidade das prefeituras municipais", completa o órgão.

Metrô: Governo paulista prometeu 5 vezes mais do que construiu na última década

(do portal R7)

O Governo do Estado anunciou entre 1999 e 2010, pelo menos, sete grandes planos de expansão para o metrô. Porém, no mesmo período, foram inauguradas apenas a Linha 5 (lilás) e duas estações da Linha 4 (amarela). Os trechos inaugurados equivalem a aproximadamente um quinto do que foi prometido.


Lançado em 1999, o Plano Integrado de Transportes Urbanos (Pitu 2020) deu origem a três planos nos anos seguintes. Em 2006, o Plano sofreu uma revisão, mesmo sem ter sido construído, e foi relançado com o nome de Pitu 2025, com metas reduzidas. Quase simultaneamente, o Metrô lançou a Rede Essencial, baseada em outros planos previamente lançados.

“Pouco tempo depois, foi a vez do Plano de Expansão, que engavetou todos os projetores anteriores”, informa o repórter João Varella, do Portal R7 que pesquisou a extensa lista de planos lançados para o Metrô.

Levantamento do arquiteto e urbanista Moreno Zaidan Garcia revela que o Metrô inaugurou, em média, 2,6 km de obras entre os anos de 2002 e 2011. Nível bem abaixo daquele verificado em cidades como Seul, Nova Delhi e Madri, cujas médias em período similar ficaram entre 16,7 km e 31,5 km.

Apesar de ser uma das maiores metrópoles do Planeta, São Paulo tem a menor rede metroviária entre as grandes capitais do mundo. São apenas 68,9 quilômetros.

Escândalos e panes

As promessas esquecidas, a lentidão na expansão do Metrô e os planos esquecidos antes mesmo de serem colocados em prática repetem uma história comum nos serviços públicos paulistanos: a descontinuidade de políticas públicas e a omissão com um serviço essencial para a população.

Há vários indícios de superfaturamento na construção do Metrô. As estações paulistas custaram cinco vezes mais do que as estações de Metrô de Madri, por exemplo. Fabricantes de vagões de trens e metrôs, a multinacional Alstom é investigada no Brasil e em países europeus, sob a acusação de ter simulado contratos de consultoria para pagar comissões ilegais a políticos e funcionários públicos.

Enquanto isso, os usuários enfrentam panes constantes, consequências da superlotação e de falhas na manutenção. Desde dezembro de 2007 até o momento, foram registradas 48 falhas graves no sistema. São tantas panes que o site da Bancada do PT (www.ptalesp.org.br) já conta com a seção PanenoMetrô.

O Metrô paulista recebe 3,4 milhões de passageiros diariamente na malha de 68,9 km, o que alcança o índice 49.346 passageiros por quilômetro. Este é o maior índice de passageiros por quilômetro no mundo.

Na saúde, cerca de 71% dos equipamentos geridos pelas Organizações Sociais apresentaram déficit em 2010.

(do site ptalesp)

Até o momento, apenas três dos 20 hospitais geridos por Organizações Sociais (OSs) no Estado publicaram seus balanços referentes a 2010. Além da primeira clara constatação – a falta de transparência do governo – a análise desses dados nos leva a outro problema. Nos três hospitais, Itaim, Itaquaquecetuba e Salto, a dívida supera o patrimônio, ou seja, estão quebrados.


No caso do hospital de Itaim, de 2009 para 2010 o rombo cresceu 434% (R$ 3,1 milhões). Um dos fatores responsáveis foram as despesas superiores à receita em mais de R$ 3,2 milhões. A Cokinos & Associados Auditores Independentes S/S, inclusive, advertiu que:

“Conforme descrito na Nota Explicativa n.º 14, a Entidade apresentou déficit de R$ 3.227.700 durante o exercício findo em 31 de dezembro de 2010 e, naquela data, o seu passivo total, excedia o seu ativo total em R$ 3.804.984. A Organização dependerá do repasse de verbas complementares futuras a fim de obter o reequilíbrio econômico-financeiro para a manutenção normal de suas operações.”

Em 2010, esse hospital deixou de atender mais de 2,5 mil pessoas no atendimento de urgência e 4.150 pacientes no atendimento ambulatorial.

Já no hospital de Itaquaquecetuba, o rombo cresceu de R$ 1,9 milhão para R$ 5,15 milhões, o que representa uma elevação de 172%. As despesas superaram a receita em R$ 3,26 milhões. Além disto, o contrato com as OSs tem por norma só gastar 70% com pessoal, mas, neste hospital, o percentual chegou a 71,4%.

E o mais grave: a dívida já representa 37% de todos os bens desta Organização Social.

O Banco de Olhos de Sorocaba, que administra o hospital de Salto, teve dívida que supera o seu patrimônio de R$ 8,3 milhões (+78%). O déficit (diferença entra a despesa e a receita) cresceu de 2009 para 2010 cerca de 5.400% e chegou aos R$ 4,5 milhões.

AMEs

Das 27 AMEs (Ambulatórios Médicos Especializados) que existem no Estado, 17 apresentaram déficit em 2010.

A AME de Salto, que teve seu contrato rescindido no final de dezembro do ano passado, teve prejuízo de R$ 2,5 milhões em 2009 e de quase R$ 243 mil no ano passado. Em relação às metas previstas nos contratos, deixaram de ser realizados 7,7 mil exames radiológicos e quase 4,6 mil diagnósticos de laboratórios clínicos.

Em geral, dos 58 equipamentos geridos pelas OSs, por meio de contrato de gestão, 41 tiveram déficit, o que representa quase 71%.

À beira do colapso

Em valores, o déficit foi de apenas R$ 1 milhão, sendo que houve superávit de R$ 40 milhões com os hospitais, déficit de R$ 25 milhões nas AME´s e de R$ 16 milhões com outros equipamentos.

Ocorre que o Instituto do Câncer puxou a receita dos hospitais, já que recebeu R$ 369 milhões e apenas R$ 242 milhões foram gastos. Desta forma, o caixa da OS foi engordado em quase R$ 127 milhões, ou seja, um pouco mais da metade do que foi gasto. Ao desconsiderarmos o Instituto do Câncer, o déficit chega a R$ 80 milhões (-6,5%).

E vale lembrar que, segundo denúncia do jornal O Estado de São Paulo, pelo menos 30% do Instituto do Câncer não são utilizados.

A falta de dados dificulta o acompanhamento mais detalhado das OSs. Ao não cumprir a Lei da Transparência, que prevê a disponibilização das informações a todos os cidadãos, os tucanos inviabilizam o controle social sobre os repasses do governo do Estado.

Privatizações

Privatizações
Memórias do Saqueio: como o patrimônio construído com o trabalho e os impostos do povo paulista foi vendido
 
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