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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Alckmin começa a ficar sozinho.

"Blindagem" de Alckmin pode estar diminuindo.

(do Transparência SP)

Durante os seis anos que governou o Estado, Alckmin sempre contou com uma forte "blindagem" por parte das instituições que deveriam fiscalizar as ações do Executivo.
Mais ainda, a grande imprensa paulista, o Tribunal de Contas do Estado, a Assembléia Legislativa, o Tribunal de Justiça e o Ministério Público Estadual nunca criaram problemas para as administrações tucanas nestes últimos 16 anos.
Apesar do aparecimento de inúmeras denúncias de corrupção neste período - Nossa Caixa, Alston, Detran, Calha do Tietê, Rodoanel, CDHU, FDE, segurança pública, etc -, as instituições que deveriam zelar pelo emprego do dinheiro público deixaram de cumprir seu papel. O resultado é que nenhum dos envolvidos nestes escândalos sofreu qualquer tipo de punição.
Tudo isso pode estar se modificando.
A crise do PSDB paulistano iniciada em 2008 - quando os serristas apoiaram Kassab para prefeito, em detrimento da candidatura de Alckmin - parece ter sido o "estopim".

A derrota de José Serra na corrida presidencial e a vitória apertada de Alckmin no Estado "colocou mais lenha na fogueira" da crise política, uma vez que Alckmin começa seu governo tentando se afastar de Serra, o que já acionou "o sinal amarelo" por parte de frações dos setores conservadores de São Paulo.
A grande imprensa pouco analisou estes primeiros 100 dias da gestão Alckmin, mas a reportagem abaixo da Revista Isto É (pouco repercutida), revela claramente o tamanho da descontinuidade entre os governos de Alckmin e Serra no Estado de SP.

Os detetives de Alckmin
Governador de São Paulo convoca auditores, policiais e até ex-espiões para analisar contratos da administração de José Serra

Nas demais áreas de governo, Alckmin vem também apresentando diferenças em relação ao antecessor - como no apoio ao Trem Bala e aos trens regionais (criticados por Serra), na crítica ao sistema de bônus para os professores (implantado por Serra) ou ainda no remanejamento de verbas de publicidade para a limpeza do Rio Tietê (numa velada denúncia das prioridades "trocadas" da gestão anterior).
O desconforto de parcela da imprensa que sempre apoiou os tucanos, e mais ainda Alckmin, já começa a ser observado.
A crise do PSDB das últimas semanas - com a saída de 6 vereadores paulistanos do partido - e a "guerra de versões" sobre os causadores desta crise parece agora se decidir a favor de Serra, trazendo novos problemas políticos para Alckmin.

Crise no PSDB atinge comando estadual
Resolvida a disputa no diretório municipal, agora problemas atingem direção da sigla no Estado: deputados querem mesmo tratamento dado a vereadores

Debandada de vereadores do PSDB fragiliza Alckmin e dá força a Kassab
Saída de pelo menos cinco tucanos foi anunciada nesta segunda, reduzindo bancada que era de 13 ao menor número desde 2001
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,debandada-de-vereadores-do-psdb-fragiliza-alckmin-e-da-forca-a-kassab,708058,0.htm

A versão "definitiva" sobre as razões da crise tucana, colocando a culpa central sobre os ombros de Alckmin, foi fornecida pelo editorial do Estadão na última quinta feira (28/04), veículo da imprensa que sempre foi alckmista.
O texto é duro e não deixa margens para dúvidas: Alckmin é o responsável pelo processo de demolição do PSDB e pela suspensão de "ações positivas" (na visão do jornal) implementadas pelo governo Serra.

A demolição do PSDB
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110428/not_imp711824,0.php
Se dentro do partido e nos antigos aliados da grande imprensa o "isolamento" de Alckmin já teve início, os reflexos destas dificuldades políticas já se fazem presentes também no Tribunal de Justiça, no Tribunal de Contas do Estado e na Assembleia Legislativa.
Quase simultaneamente, enquanto o Tribunal de Contas do Estado suspendia a licitação para a limpeza do Rio Tietê (por causa da existência de vícios no processo licitatório), o Tribunal de Justiça barrava a instalação das CPIs "chapa branca" propostas pela bancada governista na Assembleia Legislativa de SP.
Cabe lembrar que a criação de CPIs "chapa branca" vem sendo o expediente adotado pela bancada governista na Assembleia Legislativa para barrar a instalação de CPIs que apurem efetivamente denúncias de corrupção no governo estadual.

Liminar suspende todas as CPIs da Assembleia Legislativa de SP

Justiça barra CPIs governistas na Assembleia de São Paulo
Oposição acusa base aliada de Geraldo Alckmin (PSDB) de ter realizado uma manobra na Casa para impedir investigações de pontos críticos à administração

Pela segunda vez, TCE suspende licitação para limpeza do Tietê em São Paulo

Cumpre registrar: vícios nos processos licitatórios e CPIs "chapa branca" são recorrentes no Estado nos últimos anos, sem que o "governo de plantão" fosse importunado.
Quanto tempo o governo Alckmin aguentará com menor "blindagem política" é a questão a ser analisada nos próximos anos. Sem dúvida nenhuma, Serra/Kassab estarão interessadíssimos neste processo.

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Os detetives de Alckmin
Governador de São Paulo convoca auditores, policiais e até ex-espiões para analisar contratos da administração de José Serra
(da Revista Isto É, por Alan Rodrigues)

Se o ex-governador paulista José Serra tivesse como sucessor um adversário de partido, talvez sua vida hoje fosse mais tranquila. Apesar das juras públicas de mútua admiração, Serra e o atual governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB, são, no mínimo, “desafetos”, como se costuma chamar dois tucanos que não se suportam. Serra não perdoa Alckmin, que não perdoa Serra. Pelo lado do ex-governador, pesa na conta negativa a candidatura à Presidência da República que Alckmin assegurou em 2006, tomando sua frente. Pelo lado de Alckmin, o passivo passa pelo apoio que lhe faltou na candidatura à prefeitura da capital, em 2008, quando Gilberto Kassab, do DEM, catalisou as simpatias serristas. Mais do que isso, o atual governador e seus correligionários ainda amargam o desprezo com que teriam sido tratados depois que Serra sucedeu Alckmin em 2006, anunciando revisão de contratos, suspensão de projetos e caça a funcionários fantasmas. A auditoria jamais foi divulgada. Agora vem o troco.
Logo depois da posse, sem alterar seu estilo manso de político interiorano, Alckmin ordenou a sua equipe que investigasse todos os contratos diretos e indiretos da administração Serra (2007-2010). A operação pente-fino foi entregue à chefia de Vicente Falconi, do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (Indg), um especialista indicado pelo senador mineiro Aécio Neves. Sua missão é virar pelo avesso os contratos, concorrências e licitações, principalmente de obras, foco de denúncias nunca comprovadas de superfaturamento e tráfico de influência no governo Serra. Para a plateia, Alckmin justifica que vai apurar apenas possíveis irregularidades nas contas da administração anterior, para que isso sirva de modelo ao “choque de gestão” que pretende implementar em seu governo. Sua assessoria, numa nota de esclarecimento à ISTOÉ, prefere a expressão “análise criteriosa dos contratos” em vez da palavra “auditoria”. Já os serristas entenderam a iniciativa como pura retaliação. Serra acha, como disse a políticos mais próximos, que a investigação das supostas irregularidades faz parte de um jogo político que pretende esvaziar sua candidatura à presidência do PSDB e empurrá-lo a um definitivo ostracismo.
Alckmin deu ainda outros passos que tiram o fôlego de aliados de Serra ao colocar conturbadas obras do Rodoanel, da Marginal do Tietê e do Metrô da capital paulista na fronteira de um caso policial. O governador resolveu nomear policiais, promotores e até um ex-espião para rever os contratos assinados no passado na Secretaria de Logística e Transportes. Para coordenar este setor, buscou no ninho tucano um dos principais desafetos de Serra, o procurador de Justiça Saulo de Castro Abreu, ex-secretário de Segurança da primeira gestão de Alckmin (2003-2006). Com a tarefa de xeretar tudo, Abreu, por sua vez, recorreu ao coração da polícia paulista: convocou o coronel da PM João Cláudio Valério, ex-administrador do orçamento da Secretaria da Segurança Pública, para auxiliá-lo. Além disso, em vez de nomear um engenheiro para a Dersa, o secretário colocou na direção desta estatal que cuida das principais obras viárias do Estado o ex-supervisor da Febem e especialista em segurança Laurence Casagrande Lourenço. Homem da confiança de Abreu, Lourenço é ex-diretor da Kroll, uma agência de investigação internacional que ficou conhecida no Brasil depois da CPI dos Grampos na Câmara Federal, quando foi colocada sob suspeita de ligação com arapongas e escutas clandestinas. “A Kroll deu a Laurence experiência na iniciativa privada e na identificação de superfaturamento de contratos”, justificou Abreu. O posto onde toda essa experiência será colocada à prova também é significativo: a Dersa, agora sob responsabilidade do veterano da Kroll, abrigou no governo passado figuras controvertidas como o ex-diretor Paulo Vieira de Souza, o famoso Paulo Preto, acusado por tucanos de ter desfalcado o caixa de campanha presidencial de Serra. “Todos os nomes que escolhi são de pessoas de confiança, que já trabalharam comigo. É gente para tocar os projetos seriamente”, disse Abreu. Essa afirmação do secretário acabou jogando mais lenha na fogueira: “Como assim, ‘seriamente?’”, indignou-se um deputado estadual ligado a Serra que prefere o anonimato. “Que história é essa de tocar projetos seriamente? Somos de um mesmo governo, não pode haver dúvidas sobre nossa seriedade no trato da coisa pública.”
Há ainda um terceiro nome importante na equipe de Alckmin encarregado de esmiuçar o passado: Júlio Semeghini, o novo secretário de Gestão. Ele não mede palavras para falar do trabalho que tem pela frente. “Vamos olhar tudo, contrato por contrato, pasta por pasta”, afirmou Semeghini. Segundo o secretário, as investigações se estenderão por todos os setores da administração. Além das obras contratadas, a papelada de outras duas áreas merecerá cuidados especiais: comunicação e recursos humanos. A administração de Serra gastou em propaganda e publicidade R$ 329,5 milhões, 372% a mais do que o movimento de quatro anos atrás. Já na área de recursos humanos, o foco das análises será as despesas com a contratação de mão de obra terceirizada, que ultrapassaram R$ 10 bilhões, em 2009. Desse total, R$ 4,1 bilhões (sendo R$ 2,8 bilhões da administração direta e R$ 1,3 bilhão da indireta) estão sob a mira de Semeghini.
A vida de Serra também está complicada no plano da política nacional. Em maio, o PSDB vai eleger uma nova direção e Serra vê a presidência do partido como o único caminho para mantê-lo em evidência. Acontece que parlamentares ligados ao senador mineiro Aécio Neves e ao governador Geraldo Alckmin trataram de isolar José Serra da direção partidária. Eles conseguiram aprovar na quarta-feira 26 uma moção, subscrita por 54 deputados e suplentes, com a recondução de Sérgio Guerra à direção nacional do partido. “Esta lista foi uma forma infeliz de buscar a presidência do partido”, reagiu o ex-governador Alberto Goldman, aliado de Serra. “A atitude de Sérgio Guerra foi indigna e o desqualifica como presidente do partido”, atacou o deputado Jutahy Magalhãoes (BA), um dos mais vigorosos serristas. Com tamanha repercussão, mais uma vez o governador Geraldo Alckmin resolveu, com seus modos gentis, alegar desinteresse pelo assunto e desconhecimento sobre as reais pretensões de Serra. Alckmim se referiu à barulhenta movimentação tucana anti-Serra como coisa para se decidir num futuro muito distante: “Nem sei se o Serra será candidato a presidente do partido. Mas, se quiser, terá meu integral apoio”, afirmou. Este não é, claro, o tipo de frase que Serra poderia encarar como uma adesão entusiasmada.

A demolição do PSDB
(O Estado de S.Paulo)

O autor francês Jean-Paul Sartre (1905-1980) dizia que um romance não se escreve com ideias, mas com palavras. No que possa ter de verdade, a frase se aplica também à política, com uma diferença: em sentido estrito, a arte de conquistar e conservar o poder se faz com palavras e atos. A analogia vem a propósito dos solavancos mais recentes - e decerto não derradeiros - que abalam o PSDB, a agremiação que não sabe, entre outras coisas, o que fazer com o robusto patrimônio de 43,7 milhões de votos obtidos por seu candidato na última eleição presidencial.
De um lado, o ex-presidente e tucano emérito Fernando Henrique viaja pelo mundo das ideias em busca de bases conceituais para reconstruir o papel de sua legenda e dos aliados oposicionistas, depois da sua terceira derrota consecutiva para o PT de Lula em um decênio. De outro lado, no rés do chão da política partidária, atulhado do que nela há de mais velho, banal e, ainda assim, dominante - os cálculos de conveniência das ambições e vendetas pessoais -, o também tucano Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, toca a obra de demolição do enfermiço partido no seu berço e reduto mais consolidado.
Costumava-se dizer do seu correligionário José Serra que era uma figura politicamente desagregadora. Se foi, ou é, parece um aprendiz perto do rival que não se conforma até hoje com o apoio do outro ao afinal vitorioso concorrente do DEM, Gilberto Kassab, na eleição para prefeito da capital de 2008. Por conta disso e pelo aparente projeto de governar o Estado pela terceira vez, com um hiato entre 2007 e 2011, Alckmin se empenha em afirmar a hegemonia de seu grupo na seção paulista da legenda, tratando de confinar nas suas bordas os companheiros de diferentes lealdades.
Além disso - e aí já se trata dos prejuízos sofridos pelo interesse público -, deu de desmantelar políticas bem-sucedidas adotadas no interregno José Serra em áreas cruciais para a população, como educação e saúde. Chega a dar a impressão de querer apagar da história recente do Estado o período serrista. Essa política de demolição tem os seus custos, porém. Seis dos 13 membros da bancada do PSDB na Câmara de Vereadores paulistana deixaram o ninho na semana passada. E um tucano de primeira hora, o ex-deputado e secretário municipal de Esportes, Walter Feldman, acaba de fazer o mesmo.
Aqueles se guardaram de atribuir frontalmente ao governador a sua decisão. Mas este o acusou com todas as letras e argumentos ponderáveis. Argumentos que remetem à ascensão política do ex-prefeito de Pindamonhangaba pelas mãos de Mário Covas, de quem foi vice-governador e sucessor, depois de sua morte, e ao empenho de Alckmin em participar de todos os ciclos eleitorais da década passada: para governador, presidente, prefeito e novamente governador. Nem que para isso tivesse de implodir a aliança entre o PSDB e o DEM na citada eleição municipal de 2008. "Isso demonstra o seu apetite pelo poder", apontou Feldman. "Essa é a verdade."
A ironia é que, diante das baixas causadas pela iniciativa de Kassab de criar uma nova sigla, o PSD, o mesmo Alckmin que resistiu à parceria com o ex-PFL quando a agremiação tinha ainda razoável expressão política, agora, quando faz água, torna a recorrer aos seus quadros para recompor a equipe, depois de demitir o vice-governador e titular da estratégica Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Afif, que resolveu acompanhar Kassab.
As fraturas no PSDB paulista ocorrem na pior hora e no pior lugar. Elas são um entrave para o soerguimento do partido, em sua dimensão nacional. Qualquer que seja o peso das ideias para o que Fernando Henrique chama "refazer caminhos", as palavras e os atos que constituem a essência da política dependem de líderes dotados de coerência e carisma para proferi-las e praticá-los com credibilidade - e a crise paulista revela políticos que não estão à altura da tarefa. Sem líderes não se fortifica um partido, muito menos se chega às urnas com chances efetivas de sair delas vitorioso. Os erros de Alckmin não só o enfraquecem no plano regional, como sufocam as aspirações tucanas na esfera nacional. Assim os brasileiros não terão uma alternativa viável para o projeto de poder do PT.

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