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terça-feira, 21 de junho de 2011

Hospitais públicos de SP gerenciados por OSS: Rombo acumulado é de R$147,18 milhões.

(do site Vi o Mundo, por Conceição Lemes)

A saúde pública no Estado de São Paulo está sendo privatizada rapidamente, a passos largos.
O símbolo desse processo são as OSS: Organizações Sociais de Saúde. Significa que o serviço de saúde é administrado por uma dessas instituições e não diretamente pelo Estado.
Curiosamente no site da Secretaria Estadual de Saúde não há sequer uma lista com todos os hospitais, ambulatórios médicos de especialidades (AMEs) e serviços de diagnóstico administrados por OSS. É preciso garimpar na internet, nome por nome, para saber se o serviço X ou Y é tocado por OSS. É desafio até para pessoas acostumadas a pesquisar em Diário Oficial. Mas quem se der a este trabalhão – às vezes é preciso telefonar ao estabelecimento para ter certeza–, vai comprovar o óbvio: a terceirização, de vento em popa, da saúde pública do Estado de São Paulo.
O artifício é a lei complementar nº 846, de 1998, alterada pela 62/2008, do ex-governador José Serra (PSDB), que autoriza transferir às OSS o gerenciamento de todos os hospitais públicos paulistas, novos e antigos.
“Os hospitais gerenciados por Organizações Sociais são exemplo de economia e eficiência”, diz o site da Secretaria Estadual de Saúde.
A justificativa para a expansão das OSS é “a experiência de sucesso dos últimos dez anos”. Essa, especificamente, foi anexada ao projeto de lei que Serra encaminhou à Assembleia Legislativa paulista, permitindo às OSS gerenciar não só os novos estabelecimentos de saúde (como permitia a legislação em vigor desde 1998) mas também os já existentes (até então era proibido).
Artigo publicado no boletim EnBreve, do Banco Mundial, também derrama elogios às OSS.

ROMBO ACUMULADO DE 18 HOSPITAIS CHEGA A R$147,18 MILHÕES
Teoricamente as OSS são entidades filantrópicas. Na prática, porém, funcionam como empresas privadas, pois o contrato é por prestação de serviços.
“As OSS recebem os hospitais absolutamente aparelhados, de mão beijada. Tudo o que gastam é pago pelo governo do estado ou prefeitura. Além disso, recebem taxa de administração”, avisa o promotor Arthur Pinto Filho, da área de Saúde Pública do Ministério Público de São Paulo. “Entregar a saúde pública para as OSS evidentemente encarece a saúde e tem prazo de validade.”
No final do ano passado, o Viomundo já havia tornado público que, em 2008 e 2009, os hospitais geridos pelas OSS custaram, em média, aos cofres do Estado de São Paulo cerca de 50% mais do que os hospitais administrados diretamente pelo poder público. A mesma tendência se manteve em 2010, revela o cruzamento de dados dos relatórios das OSS com informações do Sistema de Gerenciamento da Execução Orçamentária do Estado de São Paulo (SIGEO)
No final de 2010, o Viomundo também revelou que, de 2006 a 2009, os gastos com as OSS saltaram de R$ 910 milhões para R$ 1,96 bilhão. Uma subida de 114%. No mesmo período, o orçamento do Estado cresceu 47%. Ou seja, as despesas do Estado de São Paulo com a terceirização da saúde cresceram mais que o dobro do aumento do orçamento público.
Mas a situação é bem mais complicada. O Estado de São Paulo tem 34 hospitais públicos geridos por OSS. Alguns são por meio de convênios, feitos normalmente com fundações de universidades públicas. A maioria é por contratos de gestão, geralmente executados por instituições privadas ou filantrópicas.
Até o início de junho, 22 dos 34 hospitais públicos do estado de São Paulo geridos por OSS haviam publicado balanço referente a 2010.
Desses 22, apenas quatro ainda têm patrimônio positivo. Um deles é o Hospital Brigadeiro, na capital paulista, privatizado em janeiro de 2010 e gerido pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, conhecida pela sigla SPDM. Os demais são os hospitais Regional Porto Primavera (Rosana), Estadual João Paulo II (José do Rio Preto) e Regional de Presidente Prudente (antigo Hospital Universitário). Todos novos e administrados pela Associação Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus.
Os outros 18 hospitais apresentaram patrimônio negativo, ou seja, passivo maior do que o ativo. Portanto, dos que já divulgaram o balanço de 2010, 80% estão “quebrados”.




Em 2010, o déficit desses hospitais foi de R$ 71,98 milhões. Mas o rombo acumulado dos 18 chega a R$ 147,18 milhões.

70% DOS EQUIPAMENTOS GERIDOS POR OSS TIVERAM DÉFICIT EM 2010
O sinal vermelho foi dado nos próprios balanços. Sobre o do Hospital Estadual do Itaim Paulista, gerido pela Casa de Saúde Santa Marcelina, a Cokinos & Associados Auditores Independentes S/S adverte:
“Conforme descrito na Nota Explicativa n.º 14, a Entidade apresentou déficit de R$ 3.227.700 durante o exercício findo em 31 de dezembro de2010 e, naquela data, o seu passivo total, excedia o seu ativo total em R$ 3.804.984. A Organização dependerá do repasse de verbas complementares futuras afim de obter o reequilíbrio econômico-financeiro para a manutenção normal de suas operações.”
A situação dos ambulatórios médicos de especialidades (AMEs) também é muito grave. Dos 27 existentes, 17 tiveram déficit em 2010. Entre eles, o AME Heliópolis (antigo Hospital Heliópolis), administrado pelo Seconci-SP (Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo).
Em 2009, esse AME, que ironicamente se chama Dr. Luiz Roberto Barradas Barata, tinha patrimônio de R$ 3,8 milhões. Porém, devido ao déficit de R$ 6 milhões em 2010, seu passivo já atinge R$ 2,2 milhões. Barradas, ex-secretário da Saúde do Estado de São Paulo e falecido em 2010, foi o autor da justificativa anexada por Serra à mensagem enviada, em novembro de 2008, à Assembleia para mudar a lei das OSS.
Resumo do buraco: dos 58 hospitais, AMEs e serviços de diagnóstico do estado de São Paulo geridos OSS por contrato de gestão, 41 tiveram déficit em 2010, segundo o relatório das OSS publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo, publicado em abril de 2011. O que representa 70%.

SECONCI, SPDM E FUNDAÇÃO ABC NÃO RESPONDEM
Esta repórter contatou as OSS responsáveis pelos hospitais com déficit para saber o motivo dessa situação.
O Seconci-SP não respondeu, apesar de diversos telefonemas e emails para a sua assessoria de imprensa. O Seconci administra os hospitais Geral de Itapecerica da Serra, Estadual de Vila Alpina, Regional de Cotia, Estadual de Sapobemba e AME Heliópolis. Por meio de convênios com a prefeitura de São Paulo, também cuida de cinco AMAs (unidades de Assistência Médica Ambulatorial). Abaixo resumo do balanço do Estadual de Vila Alpina.
A SPDM, ligada à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) não quis se manifestar. Por meio de sua assessora de imprensa, disse que só a Secretaria Estadual de Saúde poderia dar esclarecimentos. A SPDM gerencia nove hospitais no estado de São Paulo, sendo quatro estaduais: Brigadeiro e Geral de Pirajussara, na capital, Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, e Estadual de Diadema.
A Casa de Saúde Santa Marcelina achou melhor que o diretor de cada hospital esclarecesse o déficit.
“Há vários motivos para o prejuízo no ano que passou, mas o principal, responsável por mais de 90% dessa situação, é o orçamento inadequado. Como aconteceu em 2010, 2009 e alguns outros anos anteriores, as partes negociavam já sabendo que o dinheiro não seria suficiente para cobrir as metas de atendimento”, explica a esta repórter Carlos Alberto Ferreira, diretor do Hospital Estadual Itaim. “Só que, geralmente lá por setembro, outubro ou novembro, se reviam os valores e um termo aditivo de contrato era assinado para cobrir a diferença. Em 2010, devido à morte do doutor Barradas e mudança de secretário, isso não aconteceu plenamente. Daí por que o dinheiro não deu.”
Já a responsável pelo Hospital Estadual de Itaquaquecetuba não quis falar. Recomendou-me contatar a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde.
A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo é gestora de vários serviços de saúde estaduais, entre os quais os hospitais Geral de Guarulhos, Estadual de Francisco Morato, Estadual de Franco da Rocha “Dr. Albano da Franca Rocha Sobrinho”, Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário e o Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental de Franco da Rocha – Complexo Hospitalar do Juquery.
Resposta ao Viomundo: “No ano passado, parte dos recursos foi contingenciada. Atualmente a situação está equilibrada”.
A Associação Congregação de Santa Catarina, do qual o Hospital Santa Catarina faz parte, administra dez instituições públicas paulistas: os hospitais gerais de Pedreira, Itapevi e Grajaú, o Centro de Referência do Idoso da Zona Norte, o Pólo de Atenção Intensiva em Saúde Mental, os AME Jardim dos Prados, Itapevi e Interlagos, o Centro de Análises Clínicas de São Paulo (Ceac) e Serviço de Diagnóstico por Imagem (Sedi 1).
Resposta ao Viomundo:
“Está havendo uma negociação junto ao governo do Estado para adequação entre orçamento e metas assistenciais para 90% das casas administradas pela Associação.
Nos últimos 3 anos (2009, 2010 e 2011), o governo do Estado tem basicamente mantido as metas assistenciais e reduzido os orçamentos em 5% a cada ano, por conta de um contingenciamento. Portanto, nos últimos três anos houve uma redução de 15% no orçamento e as metas foram as mesmas.
Os Hospitais Pedreira e Itapevi apresentaram um déficit, pois os recursos não estão condizentes com as metas estipuladas. Sendo assim, a Associação Congregação de Santa Catarina, assim como outras entidades filantrópicas, está em negociação com o governo do Estado para alinhar o orçamento às metas ou as metas ao orçamento”.

CONTRATOS GARANTIDOS NO FIO DO BIGODE? BAIXA TRANSPARÊNCIA
Acontece que o Hospital Estadual de Pedreira, por exemplo, realizou em 2010 menos do que o foi contratado:
Ou seja, esse hospital gerido pela Associação Congregação Santa Catarina realizou quase 8% a menos das metas físicas contratadas. Porém, recebeu R$ 5,6 milhões a mais do que o valor previsto, como mostra a tabela abaixo feita com base no levantamento no Diário Oficial. Já os hospitais Itapevi e Grajaú, administrados pela mesma OSS, receberam praticamente o valor contratado.
Os hospitais Estadual de Guarulhos e de Francisco Morato, administrados pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, receberam a mais R$5.474.3815,50 e R$1.040.706,00, respectivamente.
Detalhe: Pedreira, Guarulhos e Francisco Morato não são exceção; em geral, há acréscimos nos valores contratados inicialmente.
Afinal de contas, o governo paulista realmente contingenciou recursos, como alegam algumas OSS? Tecnicamente recurso contingenciado é aquele previsto no orçamento e o governo congela. Ele pode vir ou não a ser repassado.
Ou as OSS não receberam o que desejavam pelos serviços prestados?
Ou será que para ganhar a eleição estadual em 2010 o governo tucano teria estimulado as OSS a atenderem mais do que o previsto e posteriormente não cobriu os extras?
Ou será tudo isso junto?
Qual a mágica para as OSS continuarem operando, já que a maioria dos hospitais geridos está no vermelho? Teria o atendimento piorado ou elas resolveram fazer benemerência, trabalhando de graça para o governo estadual?
Os contratos seriam para “inglês ver”, considerando que, de antemão, as partes sabem que precisarão de aumento posterior nos valores?
A garantia seria mesmo na base de um “fio do bigode” de uma única pessoa?
O fato é que, apesar envolver recursos públicos de quase R$ 2 bilhões anuais, o negócio das OSS é uma caixa-preta que precisa ser escancarada à luz do sol de verão. Por uma razão simples: falta transparência.
Esta repórter solicitou à assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde São Paulo o número e os nomes dos hospitais geridos diretamente pelo Estado e por OSS, tanto por contratos de gestão, quanto por convênios. Vieram apenas os números e desta forma:
Cerca de 40?! Cerca de 30?! Como?!
Se a Secretaria Estadual de Saúde não sabe EXATAMENTE quantos hospitais são geridos pelo Estado e quantos são por OSS, quem vai saber? Ou será que não nos quis passar?
E supondo que a Secretaria Estadual de Saúde não soubesse quantos hospitais são geridos pelo Estado e quantos são por OSS – que é uma informação básica –, como vai fiscalizar os serviços e cumprimento de metas?
Insisti com a assessoria de imprensa. Precisava dos nomes dos hospitais. Em vez da resposta, foi encaminhado texto só com elogios ao modelo de OSS.
Reforcei o pedido, solicitando os nomes dos hospitais geridos por OSS por contrato de gestão e por convênio e os administrados diretamente pelo estado diretamente. Argumentei ser informação básica, de fácil acesso, pelo menos ao pessoal da Secretaria Estadual de Saúde. “É só ‘puxar’ no computador”, esta repórter argumentou na solicitação. Nada. Silêncio absoluto.
Só que os hospitais de Pedreira, Vila Alpina, Itaim Paulista, Mário Covas, Pirajussara e Diadema estão “quebrados”, lembram-se da tabela no início desta reportagem? O rombo acumulado de cada um é, respectivamente, de R$ 5,78 milhões, R$ 8,86 milhões, R$ 3,8 milhões, R$ 4,2 milhões, R$ 13,8 milhões e R$ 11,3 milhões.
Situação oposta à do Instituto do Câncer do Estado, o Icesp, inaugurado em 2008 e gerido pela Fundação Faculdade de Medicina. Seu balanço de 2010 ainda não foi publicado. Mas, segundo o relatório das OSS publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo, o Icesp teria recebido em 2010 R$ 369 milhões. Porém, só gastou R$ 242 milhões. Por que os R$ 127 milhões restantes não teriam sido gastos? A sua utilização não teria aumentado o número de pacientes tratados?
“Cadê o exemplo de economia, eficiência e excelência de gestão?”, muitos leitores devem estar perguntando. E com razão. Afinal, é como as OSS são “vendidas” pelo governo paulista e demais defensores desse sistema de administração.
Tais qualidades, na verdade, parecem ser mais marketing publicitário do que realidade. Pelo menos são os indícios dos números atuais.
Tem mais. A lei da transparência e de responsabilidade fiscal exige que as execuções orçamentária e financeira sejam disponibilizadas em tempo real na internet. Obriga, ainda, o estado a prestar esclarecimentos sobre os seus contratos para qualquer cidadão.
Porém, não há um site que reúna informações sobre os contratos e aditivos celebrados entre as Organizações Sociais de Saúde e o governo paulista. Muito menos que comunique o quanto e em quê estão sendo gastos os recursos.
Apesar das reiteradas solicitações, esta repórter não recebeu da Secretaria Estadual de Saúde até a postagem desta reportagem a lista com os nomes dos hospitais geridos diretamente pelo Estado e os por OSS.
Por que não divulgar? Seria por que o rombo acumulado das OSS paulistas, incluindo hospitais, AMEs e serviços de exames, é bem maior dos que os quase R$ 147, 18 milhões dos 18 hospitais citados?
A propósito. O desmantelamento, na semana passada, da quadrilha formada por médicos, enfermeiros e dentistas do Conjunto Hospitalar de Sorocaba, que desviava verbas dos plantões médicos e fraudava licitações, mostrou a ausência de controle sobre os recursos financeiros e os serviços prestados pelos hospitais públicos paulistas geridos pelo Estado.
Essa mesma falta de controle existe sobre as OSS. Basta ver o crescente déficit dos hospitais estaduais gerenciados por essas entidades. Aliás, se não existe transparência plena sobre um dado tão banal como a lista dos nomes dos serviços de saúde gerenciados por OSS, o que pensar sobre as informações referentes à aplicação dos recursos e aos atendimentos prestados?

Em tempo 1: O esquema de fraude em licitações e nos pontos de plantões médicos (profissionais recebiam sem trabalhar), revelado pela polícia de São Paulo na semana passada, envolveu, além do Conjunto Hospitalar de Sorocaba, funcionários de outros 11 hospitais da região de Sorocaba. Entre eles, o Hospital Geral de Itapevi, administrado por uma OSS, a Associação Congregação de Santa Catarina. O Viomundo contatou a assessoria de imprensa para saber o que a entidade tinha a dizer sobre o fato. Não houve retorno.
Em tempo 2: O médico e ex-secretário de Esporte, Cultura e Lazer Jorge Pagura, que teve o seu nome ligado ao esquema de fraude do Centro Hospitalar de Sorocaba, é chefe da neurocirurgia do Hospital Mário Covas, em Santo André. no ABC paulista. O serviço é gerenciado por outra OSS, a Fundação ABC. O Viomundo contatou a assessoria de imprensa para saber sobre o motivo do déficit acumulado de R$ 4, 2 milhões do hospital. Ela foi uma das entidades que não nos respondeu.
Em tempo 3: Solicitamos à Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo uma avaliação sobre a situação financeira dos hospitais estaduais geridos por OSS. A assessoria de imprensa também não nos respondeu isso.
Quaisquer que sejam as respostas dessas e demais perguntas, esta repórter e os milhões de cidadãs e cidadãos de São Paulo querem saber: quem vai pagar a conta?

Crise na bancada tucana na Assembléia Legislativa de SP.

(do Transparência SP)

Os tucanos também estão em crise na Assembléia Legislativa de SP.
Uma das questões que Alckmin não abre mão é a "liberação" de emendas parlamentares ao orçamento estadual "a conta gotas". A reclamação é generalizada.
Com boa vontade tudo pode ser resolvido rapidamente, mas Alckmin não costuma ceder nesta área.

Tucanos culpam secretário por crise na bancada

(do Jornal da Tarde, por Fábio Leite)

Em reunião tensa que adentrou a madrugada de ontem, deputados do PSDB responsabilizaram o secretário da Casa Civil, Sidney Beraldo, pela crise na relação da bancada com o governo Geraldo Alckmin. Além da falta de diálogo do Executivo com os aliados na Assembleia Legislativa, os tucanos criticaram o articulador político pela demora na liberação das emendas parlamentares, que ainda estão zeradas após quase seis meses de gestão.
O encontro, em uma pizzaria no Itaim, zona sul da capital, era para acalmar os ânimos no ninho tucano. Ontem, o JT revelou que há um clima de disputa entre o presidente da Casa, Barros Munhoz (PSDB), e o líder do governo, Samuel Moreira (PSDB), que tem ameaçado a votação de projetos de interesse do governo. Mas o que se viu em quatro horas de conversa foi uma “lavagem de roupa suja” coletiva.
“Falta orientação política do governo no rumos dos projetos que chegam na Casa. A gente não sabe o que o governo pensa e o governo não sabe o que a bancada pensa”, queixou-se um dos deputados presentes ao encontro. “Estamos totalmente desprestigiados. Você liga para falar com secretários e não é atendido”, criticou outro tucano.
O quadro de insatisfação generalizada é agravado pela demora do governo em liberar as emendas parlamentares – cota de recursos a que cada deputado tem direito para destinar a obras ou programas específicos em seus redutos eleitorais. É Beraldo quem controla as emendas e, até agora, nada foi liberado. “Não é insatisfação só da bancada do PSDB. É da Assembleia toda”, resumiu um tucano.

Fogo amigo
Segundo relato de um participante do encontro, Beraldo não sinalizou nenhuma mudança. Ele tentou amenizar o clima dizendo ter ouvido de um petista que, se o clima no PSDB continuar assim, o PT nem precisará fazer oposição ao governo. O comentário não caiu bem na bancada. Procurado, o secretário não quis se manifestar. Segundo o JT apurou, ele se reuniu ontem com Moreira e o líder da bancada, Orlando Morando, para tentar amenizar o clima.

Secretário de Alckmin está envolvido com escândalo dos hospitais estaduais.

A "operação abafa" estadual

(do Transparência SP)

A técnica do governo estadual para abafar escândalos e crises é realmente fantástica.
Primeiro, aceita-se a demissão dos envolvidos rapidamente. Segundo, os envolvidos negam as acusações e dizem que querem apenas deixar o governador "a vontade". Depois, o governo estadual diz que vai apurar tudo com rigor. Por último, a imprensa "esquece" o assunto rapidamente, e o escândalo desidrata em menos de uma semana.

Coordenador de Serviços da Saúde de SP, Ricardo Tardelli, pede demissão
(da Agência Estado)

O coordenador de Serviços da Saúde de São Paulo, Ricardo Tardelli, pediu demissão no início da manhã desta segunda-feira, 20, após ter seu nome vinculado à investigação do Ministério Público sobre fraudes nos hospitais da cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo.
Em nota, o coordenador afirmou que pediu demissão para garantir uma maior transparência nas investigações do caso. O pedido do ex-coordenador foi aceito.
Ricardo Tardelli também nega que tenha conhecimento da existência de um esquema organizado envolvendo fraude em plantões estaduais. Ainda segundo as informações da assessoria de Tardelli, a Secretaria já determinou uma auditoria dos plantões em todos os hospitais estaduais, além da instalação de pontos eletrônicos.
No domingo, 19, o secretário de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, Jorge Pagura, também deixou o cargo após ter seu nome envolvido no esquema.
Pagura é neurocirurgião e, de acordo com escutas telefônicas obtidas pela promotoria, teria recebido pagamento do Estado por plantões não trabalhados no Hospital de Sorocaba em 2009 e 2010. As gravações foram divulgadas ontem no programa Fantástico, da TV Globo.
Na semana passada, 13 pessoas foram presas por envolvimento em um esquema de fraude em plantões. Os profissionais foram acusados de não trabalharem nos plantões mas, mesmo assim, receberem pagamentos pelo serviço. Só no Hospital de Sorocaba, segundo o Fantástico, as fraudes teriam causado um rombo de mais de R$ 2 milhões.

Secretário de Esporte de São Paulo coloca cargo à disposição

(da Folha de SP, por Eduardo Ohata)
O secretário de Esporte de São Paulo, Jorge Pagura, entregou carta ao governador Geraldo Alckmin na qual coloca seu cargo à disposição caso não se sinta à vontade de mantê-lo na secretaria.
Mas assessores afirmam que o secretário, lotado à Secretaria de Saúde de Sorocaba, não está envolvido no escândalo, e apenas pôs o cargo à disposição para "dar tranquilidade" a Alckmin.
Como secretário de Esporte, Pagura tinha prevista a partir deste domingo uma viagem à África do Sul com a delegação do Ministério do Esporte para acompanhar o legado da Copa do Mundo de 2010.

Escândalo da saúde funcionava a muito tempo nos hospitais públicos estaduais.

Grupo de servidores leva denúncia ao MP
Servidores do Conjunto Hospitalar protocolaram documento no Ministério Público em setembro do ano passado

(do jornal Cruzeiro do Sul)

Um dia depois da polícia desmantelar uma quadrilha que agia dentro do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), a situação entre funcionários e pacientes do hospital estava tranquila e aparentemente melhor na manhã de ontem em relação ao clima de apreensão que tomou conta da unidade na última quinta-feira. O volume de pacientes estava visivelmente menor do que o habitual, com atendimento satisfatório, disseram os pacientes, e os funcionários pareciam mais felizes e descontraídos, assumiram alguns deles. A expectativa de todos é de que após as ações da polícia e do Ministério Público, o atendimento no local melhore significativamente. A Secretaria Estadual de Saúde informou que os atendimentos na unidade não foram prejudicados por conta das prisões e apreensões, nem em decorrência da greve dos funcionários da saúde - que também se encerrou ontem no final da tarde. A secretaria voltou a destacar que o Estado nomeará um interventor ao CHS nos próximos dias, mas não informou quem será.
O sentimento dos funcionários do CHS era de "justiça sendo feita" e "esperança", disse um médico do hospital que preferiu não se identificar. Ele e mais quatro companheiros se reuniram no estacionamento da unidade, após o expediente, logo pela manhã de ontem e, com a condição de não serem identificados, assumiram que estavam felizes com as ações do Ministério Público e Polícia Civil de Sorocaba; e de formas diferentes expressaram o mesmo sentimento. "Nunca imaginei, em toda a minha vida, que um dia eu presenciaria o que aconteceu ontem (quinta). Há anos nós vemos coisas erradas aqui e até ontem prolongávamos a cultura de que "nunca seria resolvido, de que nunca teriam fim". Estávamos errados e foi muito comovente ver que a Justiça existe", desabafou um deles.
Um terceiro médico foi mais enfático. "Estou muito feliz e com muita esperança. Esperança de uma nova etapa para nós, para esse hospital e para os pacientes", afirmou. O quarto médico falou que a postura da polícia na última quinta-feira reanimou os funcionários que há anos conviviam com situações desagradáveis. "Preferimos não nos expor somente porque a situação é delicada e não queremos nos envolver em nada sobre esse assunto. Mas quem trabalha aqui de verdade está feliz hoje (ontem)", desabafou. Outro médico disse que uma das coisas que preocupa os funcionários é o mistério de quem será o próximo diretor-geral do Hospital Regional.
"Estamos aqui para trabalhar. Isso é fato. Mas é impossível não pensar em que será o próximo diretor. Queremos alguém que tenha muita vontade de trabalhar e que goste disso aqui. Eu sou sorocabano, estudei muito tempo fora, voltei para cá, para trabalhar aqui porque tenho orgulho da minha origem e quero muito que esse seja o melhor hospital do interior", afirmou o médico. E também acrescentou estar, como os colegas, mais motivado a trabalhar. "A ação em si não nos afetou diretamente. Não tivemos problemas para atender na prática, só mexeu com nosso sentimento", garantiu.
Uma outra médica que passou pelo local assumiu - também com a condição de não identificação -, que ela e os colegas do hospital estavam em clima de comemoração e prazer de trabalhar. "É lógico que estamos bem, felizes. As coisas aconteciam embaixo dos nossos olhos. Todo mundo aqui sabia e sabe o que acontecia e ninguém fazia nada, nunca acontecia nada. Era revoltante. O que aconteceu ontem (quinta-feira) nos acalmou", disse ela.
Uma funcionária do atendimento administrativo do Pronto-Socorro do CHS, que também não quis se identificar, disse que houve um "certo tumulto" no atendimento da clínica geral do Hospital Leonor, no quarto andar, durante a última quinta-feira, por conta da apreensão dos funcionários. "Mas por fim, parece que tudo se normalizou hoje (ontem)", falou ela. E assumiu: "Tem funcionário aqui, enfermeiros, auxiliares, pessoal do administrativo, que estão dando pulos de alegria devido ao que aconteceu", afirmou.

Pacientes
A acompanhante de idosos Dulcinéia Cardoso, de 36 anos, disse ontem que o atendimento no PS do CHS estava "estranhamente" tranquilo. "Cheguei de Piedade às 9h e estou esperando pelo atendimento de raio x e depois passarei pelo médico. Até o momento está tudo dentro da normalidade", disse ela que acompanhava a idosa Jandira do Nascimento, de 64 anos, que quebrou o joelho direito. Segundo Dulcinéia, ela sempre esteve na unidade por agendamento, mas já presenciou lotação, demora e mau atendimento no local. "Hoje está mais calmo. Soube que teve gente que foi presa. Isso é assustador e confortante ao mesmo tempo", assumiu.
Frases semelhantes disse Decelis Xavier da Silva, de 61 anos, residente em Tatuí e que esteve na unidade devido a problemas nas pernas. "Faço acompanhamento aqui há uns três anos e acho que hoje está tudo bem aqui. Houve dias piores, de grande movimento", falou. A dona de casa Maria Elizabete Cardoso, de 52 anos, contou que saiu de Tietê, onde reside, às 6h30, para a consulta médica marcada para as 8h. "Hoje fui atendida, e bem atendida, às 8h20 pela endocrinologista. Percebi as pessoas lá dentro mais calmas e tudo correu bem", disse ela que teve que esperar pelo transporte gratuito que a levaria para casa até as 15h.

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